ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Me perdi (e o pronome vai ficar onde está)

Queria morrer de amor. É poético, ao menos. As pessoas diriam assim: "olha, aquela menina morreu de amor; que bonito". Mas não dirão; o mais provável é que nem digam nada; tragédias sem amor não são tragédias. Serei comédia eterna. Comédia boba, pouco provável de risos sinceros, já que a comediante soa tão pouco autêntica.
A tal comediante nasceu pra fazer drama, mas não tem coragem pra tal ventura. Então passa os dias a vomitar emoções, de forma camuflada (achando que engana alguém), que não satisfazem nem a ela, nem ao público.
Até que um dia se dê conta de que amor mesmo sempre teve. E não morra. Relapsa que era (e ainda é) não notava nem cinquenta dançarinos de rumba debaixo de seu nariz (um pouco acima da boca. O espaço é pequeno, mas eles também são contorcionistas). Agora está livre, ama. Mas o amor é transitivo direto; quem ama, ama alguém. Então não é tão livre assim. Não se pode amar simplesmente, tem de haver um complemento. Complemento esse muito complicado, nem sempre corresponde. E não pode ser indireto, não podem haver dúvidas, o que acaba tornando-o indigesto. No fim das contas morrer de amor acaba virando uma piada que todos cometem. A cada hora, a cada vida, a cada intervalo entre um espetáculo e outro, para que nem dê tempo dos atores tomarem uma água. A cada vírgula o amor se torna mais virulento e se espalha, ataca, mata. E não te deixa morrer, agora que arrumou um sentido (mesmo que banal) pra vida.

10 comentários:

chayenne f. disse...

Sou muito gorda e o amor não é lipossolúvel.
É a minha teoria.

chayenne f. disse...

Eu conversei com alguém sobre o assunto do início do 1º parágrafo, foi com você ou estamos automaticamente sincronizadas?

Ferreira, Lai disse...

Estamos automaticamente sincronizadas.
*_*

Daniel Gaivota disse...

Eu nunca entendo nada do que as pessoas dizem sobre amor.. Talvez eu não ame, afinal de contas.

(iniptio)

Ferreira, Lai disse...

DU-VI-DO!

B. disse...

"A cada vírgula o amor se torna mais virulento e se espalha, ataca, mata. E não te deixa morrer, agora que arrumou um sentido (mesmo que banal) pra vida."

Exato.

Daniel Gaivota disse...

Duvida de quê? De que eu não entenda o que dizem sobre amor ou de que eu não ame? Ou de outra coisa que não tem nada a ver com meu comentário? (^^)

Ferreira, Lai disse...

De que você não ame, óbvio.

Daniel Gaivota disse...

Nem é tão óbvio.

E eu não sei o que estava pensando quando escrevi isso, então vamos só deixar pra lá. Por enquanto.

caio k disse...

morrer por amor só é poético na ficção. Na vida real, é babaquice. Pronto falei.