ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

De onde vem a calma

Estava por aqui, catando anotações e lendo e lembrando tanto que nem cabe e pensando e criando e escrevendo.
De repente, me vem um nome à cabeça. Um nome que vem batendo constantemente à porta de minha memória, que até então se recusava a abrir. Uma música. Ou melhor, uma canção.
A calma veio e com ela lembrei o que realmente significou.
Então despertei, como quem levanta-se de súbito após ter um pesadelo; dei um pulo na cadeira, projetando a cabeça pra frente, inspirando todo o ar a minha volta, porque é assim que gritam os que dormem.
E eu dormi.

Desperto agora e descubro que seguia à risca o que a música previa: me fazia de morta.
Abro a porta para viver de novo e digo sim o que é que foi: me pregaram uma peça.
Confundi as músicas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Do Nordeste Para o Sul

Se eu tivesse que listar meus defeitos, acho que o primeiro seria "ser uma péssima vascaína".
Bem, pelo menos tenho a desculpa de ser pé-frio, rs.
Desculpa, Constancita, esse ano eu vou tentar melhorar isso (de novo).









P.S.: Só pra eu lembrar de depois postar algo sobre aqui, Natal. Merece, merece.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Água, porque

esse calor me confunde os poros.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Enfia uma faca no meu pescoço porque quero lembrar que cor o sangue tem. E também vai ser bom sentir o seu não-correr.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Surreal

Sentou-se num colo aparentemente alheio tentando fazer tal ato parecer normal. As pessoas a sua volta, apesar de serem todos artistas em formação,no espaço de uma sala de artes, estranharam. Todos deveriam estar fazendo um trabalho de pintura, que não tinha nada a ver_pelo menos até então_ com interpretação cênica.



Sob tais olhares inquisidores, sentiu a vergonha subir-lhe pelas orelhas, fazendo-as esquentar. E só então percebeu que o colo que passara tanto tempo escolhendo, lhe parecia menor e mais ossudo do que o esperado. Temeu, por sua coluna. E também pelo que poderia causar a escolha do colo errado. Porém, o tal colo remexeu-se e revelou-se mais confortável e até mesmo acolhedor. Sorriram-se, ainda meio constrangidos.



Sussurrou ao ouvido daquele que acolhia:

_Preciso de castanholas.



E, ao arregalar dos olhos, elas surgiram, vermelhas, leves, maleáveis em suas mãos. Então começaram uma dança complexa em que não se largavam nunca ao som dasqueles pequenos instrumentos. Ninguém reparou, mas, passado um momento, todos rodopiavam e pulavam e esboçavam um 'lalala' ou 'papapa'. E toda a sala era uma única coisa, unida pelo som das castanholas.



Nos momentos seguintes à dança, aqueles estudantes todos pintaram como nunca e a música não parou até que a última pincelada fosse dada. Ao chegar à sua mesa, a pessoa que, uma vez quase reprimida por sua ideia estranha de castanholar no colo alheio, encontrou o belo par sobre a folha onde deveria ter pintado algo. E tirou nota máxima no trabalho.



O colo, agora foge, para a terra daqueles que bailam eternos, como suporte de outros dançarinos, que tocam castanholas.



P.S.: Incrível como me esqueci completamente desse conto. E olha que tinha uma ideia quase que totalmente formada sobre o que escrever nele.

Merilu

_Minha filha vai chamar Merilu.


_Hm.


_Merilu que nem a avó. Acho lindo dar o nome dos nossos pais pros filhos. Ainda mais um nome desses. Forte, né?


_Uhum.


_Mé-rí-lú. Ai, ai, podia ficar repetindo o dia todo. Ah, querida, já ia esquecendo, o banheiro é logo ali, tá precisando retocar o batom. Aliás, meu bem, esse tom não é o melhor pra você, né? Da próxima vez, escolha um mais rosado, esse puxa demais pro laranja.


_Hm. É que eu gosto tanto do laranja...


_Ai, que gracinha. Mas amorzinho, não dá pra usar tudo o que a gente gosta, né? E o seu tom de pele pede um batom rosado. E um blush mais suave. A moda às vezes é chata, né, florzinha? Ser bonita dói, não é fácil, não. Só a minha Merilu é que vai ser linda fácilmente. Só o nome já promete. E com uma mãe que nem eu, não vai ter pra ninguém, minha Merizinha vai ser a menina mais linda de todas. Agora vai lá retocar esse batonzinho, meu anjo, que as outras visitas tão chegando. Vem todo mundo pro chá de bebê da Merilu.


_Ok.





E corri pro banheiro e só saí de lá no dia seguinte, arrastada por alguém que nem vi, meio dormindo, meio acordada. Desde então nunca mais comprei um batom rosa sequer, fiz um estoque de laranjas. E blush, só se for bem forte. Mas mais do que isso tudo, passei a me orgulhar do meu nome comum e escolhido ao acaso. Porque certas histórias dóem. Mais do que qualquer batom.

Lágrima (roubando a ideia do Daniel)

Usando óculos escuros freneticamente, porque me vem faltando colírio há tempos. Juro que não é por causa da moda, eu nunca fui muito a favor desses óculos, que não deixam olhar ninguém nos olhos. Ou melhor, que não me deixam olhar os olhos de ninguém. Nem espero resposta, as pessoas só se comunicam por palavras.
Acho que podíamos todos ter qualquer coisa enfiada no globo ocular que não faria diferença. Se eu pudesse, teria bolinhos. Recém assados, orgânicos e quentinhos. É isso, quero um olhar de bolinho. E no dia que encontrasse alguém que amasse de verdade, lhe daria de comer; lhe daria meus olhos, literalmente, para dar sustância ao relacionamento.
E agora chove_novidade ¬¬_ e não posso mais sair de óculos. Não tenho colírio; vou exibir minha vista vermelha por aí. Espero que não espante ninguém, não é conjutivite. Não é o uso de narcóticos, até porque isso nunca afeta meus olhos. Mentira, claro que afeta, mas não os deixa vermelhos, é o que quero dizer. Não são lágrimas, também, uma vez que esse céu me rouba toda a água e chora por mim. Fico livre, portanto, mas me restam os olhos vermelhos, que me dão esse ar de velha cansada.
De que me adianta ter toda uma juventude sem lágrimas se fico com suas consequências? Me enruga a testa de qualquer forma. E faz parecer que a umidade continua em mim, que mora dentro destes dois buracos vazios que um dia quis encher de bolo. Desisto, senhores, eu me rendo.
Voltei a chorar.

(aproveitem a cobertura de chocolate que vai rolar rosto abaixo)