ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Para o Papai Noel (porque fui uma boa menina esse ano)

Eu queria tanto encontrar uma pessoa como eu, com quem eu pudesse conversar alguma coisa sobre mim. Dispenso confissões. Ela falaria também, mas seriam as mesmas coisas. Eu queria que o espelho ganhasse vida, ou algo assim. Queria alguém que discordasse nos momentos oportunos e concordasse quando fosse necessário. Alguém com os mesmos níveis de ironia, gosto por coisas babacas e autoestima. Alguém pra ir tomar no cu quando eu mandar, pra tomar meu cu e enfiar algo nele quando eu merecer.
Todas as minhas exigências são porque queria alguém para exigir algo de mim. E que me mandasse deixar o guarda-chuva em casa sempre, foda-se se o Rio é a nova Londres. Não é para ser um romance, não é para ser um caso de família. É alguém que sou eu e que conversa comigo sem eu precisar fazer a maluca que fala sozinha. Eu quero um clone, uma cópia, porque confio que seremos diferentes, que seremos que nem eu na tpm, com dupla personalidade.
E é isso, basicamente, uma vaidade degradante, o que eu mais espero pros próximos dias da minha vida; eu.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mas que Nada

Horas explicando que amanhã será tarde e depois de amanhã nem existe, até que vem alguém e escuta por dois min:

_Atá, carpedin...

O primeiro interlocutor:

_Malditos ateus!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Modéstiaparte


Escrevo em busca de redenção, porque meu dente dói, ele quer sair, a gengiva é cretina e fica segurando. Daí eu sofro (um pouco só).
Bateu a porta com força desnecessária, e tenho certeza de que não foi por descuido ou distração, é que marcar espaços lhe é uma grande característica. Explico: resolveu que não gostava dos momentos breves, das sensações fugazes e então passou a engastar energia que concentra com certo esforço em todos os seus atos. 

terça-feira, 26 de junho de 2012

Eu

Quando um não quer,
                                        dois se fodem.

sábado, 16 de junho de 2012

Ressaca

O núcleo se forma, basicamente, por uma quantidade considerável de pensamentos absurdos, algumas xícaras de mescalina pura, amigos errados, livros mal acabados, idéias não-realizadas, perguntas não feitas e balinhas de goma de tamanhos variados.

O que estiver na casca não conta muito, é só a parte visível, que está para não estar, que mostra o que ninguém gostaria de ver, é um som meio chato, um gosto ruim que fica na boca, uma foto rasgada, uma lembrança tosca, um cachorro abandonado.

terça-feira, 5 de junho de 2012

"Jay Commited Suicide"

Dizia que seu alterego era um menino de sete anos e que podia vê-lo nitidamente quando entrava no provador de qualquer loja para experimentar vestidos que nunca levava, porque é óbvio que nunca lhe caíam bem. Passava em frente a um colégio todos os dias no caminho de casa e diminuía o passo para poder ver os cabelos das meninas mais de perto. Em meio a tal profusão de penteados sentia-se no paraíso, não pensava em nada, só em como a vida era boa por proporcionar-lhe tal visão diariamente.
Ao chegar em casa, abria cuidadosamente um jogo de lápis aquarela 126 cores que ficava em cima do guarda-roupa de seu irmão mais velho. Há algumas semanas reparou que não necessitava mais usar a cadeira da sala, nem o banquinho da cozinha para alcançá-lo. Há alguns dias reparou que haviam algumas rugas ao redor de seus olhos e nenhum problema de adulto para resolver, caiu em depressão, tomou um pote de sorvete de flocos_o seu preferido_inteiro e sentiu-se melhor.
Foi no dia em que achou uma foto de sua época de infância debaixo da cama que resolveu que nem o tratamento psicológico mais poderoso poderia salvá-la; descobriu que nunca havia sido quem o exterior lhe mostrava. Vendou os olhos e abriu a porta de casa; saiu para a rua esperando ser arrebatada pelo primeiro veículo em alta velocidade que passasse.
Sua mãe a encontrou debaixo do sofá, logo em frente à cabaninha de lençóis que havia feito dois dias atrás, dormindo o sono pesado que só aqueles com menos de dez anos possuem.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Pão e Circo

Eu tenho uma ideia para uma foto que já é bem antiga. Tão velha que vem de antes de eu aprender o pouco que aprendi sobre fotografia e que agora já faz um tempo que parece bem distante. Tão idosa que vem da época em que eu só praticamente ouvia Mutantes, mais especificamente dois álbuns que são os mais geniais que já ouvi. Tão anciã que vem de antes de me proferirem as palavras mágicas que me obrigariam a consentir que um óbvio indesejado de fato se faz real: os mutantes não faziam música brasileira.
Eu tenho uma ideia para uma foto que tem a Central do Brasil, um homem de barba que sorri, cinco horas das tarde e uma melodia grudenta. Folhas de sonho e jardim, ao mesmo tempo, sobrepostos na impressão, à meia luz. Havia também um punhal, que usei para matar o homem e me fez ficar sem foto, me fez esquecer dos mutantes, me fez odiar dias muito iluminados.
Eu tenho uma ideia para uma foto da qual me lembro às vezes, em manhãs especialmente iluminadas de sol, ou quando vou ao zoológico. Mas acordo ao meio dia e o funcionamento da Quinta da Boa Vista bate com meu horário de trabalho.
Hoje eu vi navios no ar enquanto sonambulava pelo Flamengo e tive uma ideia para uma foto que achei genial, mas então lembrei que havia matado meu amor um pouco antes de ter começado a gostar de Mutantes.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Account Temporarily Unavailable

Meu Facebook saiu do ar há mais de vinte e quatro horas, não sei o que fazer. Venho escrevendo aleatoriedades chatas desde então.

Câmbio, desligo.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Sobre o Dia em que Sequestramos duas Pessoas

Veneno não era, talvez fosse apenas o que diziam que era, talvez fosse água da pia, que também se pode locar numa categoria de veneno, talvez fosse a melhor coisa que beberiam em suas vidas. Tomou um gole, ela primeiro, porque nem ao menos pensara em qualquer possibilidade, talvez nem quisesse água, apenas disse que queria para não discordar de alguma frase que não ouvira enquanto devaneava. Depois bebeu ele, devagar, com receio, hesitando a cada gole. Era água.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Pros amigos

Meu cérebro está derretido. Permanentemente danificado. Não se sabe ao certo quanto tempo humano foi necessário para que essas frases fossem formuladas e penosamente escritas. Eu morri todos os dias em que pensei que poderia estar viva.


E viva a depressão pós-festa.