ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Apenas Fumaça


Eu consigo ver nitidamente o dia em que você me deixa. Ele começa com bom-dia, café e um cigarro. Beijinho e eu te amo. Você sai, eu fico mais um pouco, porque trabalho perto. Faço as palavras cruzadas do jornal, que é meu hobby de velha, como você diz. Ou dizia. Ou diria.
No seu trabalho, alguns fumam, você não. Ainda é muito novo lá, o chefe não aprovaria, seria uma afronta. Mas você morre de vontade. Apalpa os bolsos involuntariamente, só pra sentir o maço pela metade, o isqueiro. Nesse momento, não vê ninguém à sua volta; só existe tu e os teus cigarros. De repente, lembra de mim, com carinho, e sem saber que será a última vez. Fica pensando em como minhas covinhas se fazem nítidas quando trago, em meu sorriso ao cobri-lo de fumaça. Sorri. Nem nota que é observado.
Ao sair, em passos lentos, porém decididos, ela te chama pelo nome. Você se vira e a vê de verdade pela primeira vez. Pergunta se tens isqueiro e ri. É bonita, mais alta que eu, mais branca que eu, os cabelos mais compridos que os meus, pintados em algum tom de ruivo que lhe cai bem e que nunca ficará bom em mim.
Você tira um cigarro do maço e põe na boca, ela te acompanha. Acende primeiro o dela, depois o seu. Ela afirma convictamente que sempre soube que você fumava, era clara a sua expressão quando via os outros. Achava bonito você não fumar lá dentro do trabalho, ela sempre fumava escondida e já fora pega algumas vezes. Você dá um sorrisinho e esse é o sinal de que começa a gostar dela.
A partir desse momento, você não está mais comigo. Não em pensamento. Uma semana depois, nem fisicamente.
Agora é ela quem ocupa o outro lado da cama e saem juntos pro emprego. Ela fuma como ninguém.
Minto,_você pára pra pensar_ela não fuma mais do que eu. E por um breve instante, lembra de como costumava encostar o nariz bem de leve na ponta de meus dedos e sentir o cheiro do cigarro. E de que, ao fazê-lo, cerrava os olhos e virava fumaça.
Mas foi só por um instante, ela chama a sua atenção para algo que acontece do lado de fora do ônibus. Então você tenta lembrar do cheiro das mãos dela. É sempre doce, elas nunca se assemelham a cigarro ou fumaça; ela tem compulsão por um hidratante que tira todo o cheiro 'bom'.
Daí em diante, você repara o quanto ela é artificial. Que os cabelos são alisados, a maquiagem uma obrigação, a comida é sempre salada sem graça, nunca há espaço para um brigadeiro, as unhas são postiças, a risada forçada. Não que isso seja ruim, ela é linda, encantadora em tantos aspectos. Mas te atormenta o pensamento de que um dia, quando você pegar no sono, ela vire para o outro lado e tire os dentes e os coloque num copo com água. A situação piora: quando trepam, você só pensa se o orgasmo dela é falso ou verdadeiro. Ela é realmente uma boa atriz.
O tempo vai passar, você vai envelhecer um pouco, se acostumar com ela e voltar a dormir em paz. E só então ela vai esperar você pegar no sono, virar para o lado, abrir um zíper que vai da cabeça aos pés e sair da sua fantasia de outra. Nesse dia, quem vai dormir ao seu lado serei eu.


Niterói, algum dia entre 8 e 16 de setembro.

sábado, 20 de novembro de 2010

Paz Mundial

Por um momento eu imaginei a paz no mundo: as aulas do curso de Letras consistiam em ficar sorrindo-se uns para os outros após alguma leitura muito boa.

Escatologia

Vão todos à merda.
Quero que todos cheguem à ela e sintam-lhe o cheiro. Quiçá o gosto. Não, não é pra ninguém comer cocô. Só ter uma ligeira sensação.
Não que eu esteja odiando tudo e todos. Pelo contrário, estou amando. Você, sua mãe, seu cachorro (é, até seu cachorro, de que eu não costumo gostar), suas plantas, suas linhas da mão (mesmo que a do amor seja curta e um dia alguém tenha chorado muito por isso), seu tudo. O que quero dizer é que ame e deixe-se amar.
Mesmo que problemas que nem existem povoem sua mente. O inferno são os outros. Cheire a merda de outrem, então. E a compreenda. O inferno pode cheirar melhor. Quem sabe? Eu sei. Você pode saber, também.
Essa confusão diz respeito aos defeitos. Que não existem. Já falei (mentira, quem falou foi outra pessoa), o inferno são os outros. Porque você quer.
Enfim, a proposta era fazer uma metáfora com a merda, pra tentar fazer com que se entendesse alguém. Quiçá alguéns. Não parece tão difícil.
Agora.

domingo, 14 de novembro de 2010

Sem Dedicatória

É óbvio que eu li. Já disse isso pra alguém: eu leio tudo. Finjo que não, pra não causar constrangimentos, dores de cabeça, casos de amor platônico ao extremo etc.
Não comentei, nem pretendo comentar, para fazer sentido: amor não se grita.
Confesso que sou passível de mudar de ideia e estragar tudo. Foi Florbela que disse que gosta mesmo é do estrago? Porque essa frase não é só dos Hermanos, garanto. Na verdade, ela é minha, muito minha. Tanto que estou aqui, a dizer que não comento. Estou comentando.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Como Não Morrer

Ontem ia escrever uma 'carta de despedida' aqui, porque, de tanto que meu pai falou pra eu ter cuidado ao trazer minha bicicleta pra casa (ela tava na casa de um amigo, do outro lado da Ilha), que comecei a acreditar que ia sofrer um acidente. Daqueles que o jornal gosta. Mas acabei indo ver alguma coisa que não me lembro na TV e só fui dormir às duas, meio zumbi já. Esqueci.
Acho que isso me deu sorte. Ou azar, visto que o que me aconteceu foi tão 'bothering' (desculpe, acho que esta é a palavra que melhor cabe aqui) que, de agora em diante, vou considerar mais um acidente.
É só.

sábado, 6 de novembro de 2010

Mr. Cellophane

Da carteira velha e carcomida:

. na parte principal, dinheiro, né, dã;
. na segunda parte principal, coisas especiais. Dois Hipnótics (dá pra comprar um Sandy, quiçá um Júnior_esse dia foi sensacional), uma nota de um real que jamais gastarei ou venderei, nem quando custar dez reales, a seda de cereja que jamais fumarei, minha identidade da foto mais feia da minha vida e junto com ela o papelzinho dizendo que eu votei no segundo turno da eleição, meu título de eleitora que esqueci de guardar na gaveta (não tem porquê ficar andando com isso na carteira), a carteirinha do bandejão da UFF dentro da capa da minha antiga carteirinha do Pedro II, o cartãozinho da yoggofresh (aliás, ganhei um yogurte grátis), porque sou dessas, um cine-passe do CCBB vencido há um tempinho;
. no esconderijo do lado esquerdo, o pacotinho de sedas que nunca acaba;
. no esconderijo do lado direito, o cartão com o telefone da minha ginecologista_como se eu nem tivesse ele gravado no celular;
. na parte de cartões, adivinhe só, cartões! o da Unimed, o do Itaú, o Riocard, o Bilhete Único, que agora serão mais bem guardados em seu novo lugar;
. na parte transparente, o número meu CPF e de alguma senha meio desnecessária que resolvi anotar just in case, a conchinha;
. na parte das moedas, um alfinete daqueles de fralda, pequenininho, uma de dez centavos e não guardava mais a moeda de um centavo da qual não vou me livrar e o centavo argentino que ganhei, que me dão sorte, porque quero que deem.

Enfim, me senti meio burguesa na troca das carteiras. Meio velha, também, visto que agora não é mais uma carteira pequena e infantil da Pucca que já tava se desfazendo (a própria Pucca em breve não seria mais reconhecida) e sim uma grande de adulto e só.

Eu tinha uma consideração final a fazer que não tinha nada a ver com o resto, mas esqueci. Droga. Isso que dá ficar enrolando pra escrever. Ou não. Que seja. Eu dei um beijinho na testa da Pucca, gostava muito dela.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

pseuda

Tive uma epifania, mas não anotei e acabei esquecendo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Infindo

A mulher não deu nem bom dia. A ninguém. Parou na minha frente e pediu um cigarro. Eu a olhei com um certo desprezo e não lhe daria nada, se, segundos antes, eu não a tivesse visto dançar na calçada em frente às portas de vai-e-vem do edifício. Dançava como louca, como se tivesse o demônio no corpo e acompanhasse um ritmo desconhecido de nosso mundo.
Afinal, eu lhe dei o cigarro. Ela tirou um isqueiro da bolsa e o acendeu só pela metade. Reparando nisso, ela começa a tentar queimá-lo corretamente. Sem êxito. Eu tiro meu isqueiro do bolso e acendo-o todo para ela, que não me dá nem um sorriso, a maldita.
Sento-me à mesa de novo. Mesa que é só minha, muito minha, não divido com ninguém. Ela agora pergunta porque me sento aqui, no térreo; mais precisamente no saguão de entrada, de costas para o balcão de informações. E antes que eu possa responder, pergunta ainda se eu sou mesmo um funcionário do estabelecimento.
'Claro que sou', digo. A mesa tem a plaquinha com meu nome. Eu só sento aqui porque me deixam fumar. O tempo todo. E lá em cima, em qualquer sala, eu não poderia, teria que ficar descendo e subindo.
Ela me olha de uma maneira estranha, porque não sabe se acredita ou não na minha resposta. Mas tenta disfarçar; faz um 'ah', como se assim demonstrasse que compreendeu tudo e pergunta se não é um exagero. Sabe, desistir do conforto de uma sala só pelos cigarros, se não é importância demais dada a eles, ou se não são cigarros demais. Eu lhe mostro meu cinzeiro. Fundo, largo e abarrotado. Às onze e vinte e sete da manhã. O rosto dela pareceu mais atordoado dessa vez e ela nem se preocupou em disfarçar. Pareceu ter um pouco de nojo. Olhou para o cigarro que lhe dei e que se fumava sozinho; ela não o levava à boca há mais de um minuto, Ofereci-lhe o cinzeiro, apontei-lhe a cadeira ao lado da minha


(Ainda em) Niterói, 2 de setembro do 2010.

sábado, 9 de outubro de 2010

Apenas Fumaça

Eu consigo ver nitidamente o dia em que você me deixa. Ele começa com bom-dia, café e um cigarro. Beijinho e eu te amo. Você sai, eu fico mais um pouco, porque trabalho perto. Faço as palavras cruzadas do jornal, que é meu hobby de velha, como você diz. Ou dizia. Ou diria.
No seu trabalho, alguns fumam, você não. Ainda é muito novo lá, o chefe não aprovaria, seria uma afronta. Mas você morre de vontade. Apalpa os bolsos involuntariamente, só pra sentir o maço pela metade, o isqueiro. Nesse momento, não vê ninguém à sua volta; só existe tu e os teus cigarros. De repente, lembra de mim, com carinho, e sem saber que será a última vez. Fica pensando em como minhas covinhas se fazem nítidas quando trago, em meu sorriso ao cobri-lo de fumaça. Sorri. Nem nota que é observado.
Ao sair, em passos lentos, porém decididos, ela te chama pelo nome. Você se vira e a vê de verdade pela primeira vez. Pergunta se tens isqueiro e ri. É bonita, mais alta que eu, mais branca que eu, os cabelos mais compridos que os meus, pintados em algum tom de ruivo que lhe cai bem e que nunca ficará bom em mim.
Você tira um cigarro do maço e põe na boca, ela te acompanha. Acende primeiro o dela, depois o seu. Ela afirma convictamente que sempre soube que você fumava, era clara a sua expressão quando via os outros. Achava bonito você não fumar lá dentro do trabalho, ela sempre fumava escondida e já fora pega algumas vezes. Você dá um sorrisinho e esse é o sinal de que começa a gostar dela.
A partir desse momento, você não está mais comigo. Não em pensamento. Uma semana depois, nem fisicamente.
Agora é ela quem ocupa o outro lado da cama e saem juntos pro emprego. Ela fuma como ninguém.
Minto,_você pára pra pensar_ela não fuma mais do que eu. E por um breve instante, lembra de como costumava encostar o nariz bem de leve na ponta de meus dedos e sentir o cheiro do cigarro. E de que, ao fazê-lo, cerrava os olhos e virava fumaça.
Mas foi só por um instante, ela chama a sua atenção para algo que acontece do lado de fora do ônibus. Então você tenta lembrar do cheiro das mãos dela. É sempre doce, elas nunca se assemelham a cigarro ou fumaça; ela tem compulsão por um hidratante que tira todo o cheiro 'bom'.
Daí em diante, você repara o quanto ela é artificial. Que os cabelos são alisados, a maquiagem uma obrigação, a comida é sempre salada sem graça, nunca há espaço para um brigadeiro, as unhas são postiças, a risada forçada. Não que isso seja ruim, ela é linda, encantadora em tantos aspectos. Mas te atormenta o pensamento de que um dia, quando você pegar no sono, ela vire para o outro lado e tire os dentes e os coloque num copo com água. A situação piora: quando trepam, você só pensa se o orgasmo dela é falso ou verdadeiro. Ela é realmente uma boa atriz.
O tempo vai passar, você vai envelhecer um pouco, se acostumar com ela e voltar a dormir em paz. E só então ela vai esperar você pegar no sono, virar para o lado, abrir um zíper que vai da cabeça aos pés e sair da sua fantasia de outra. Nesse dia, quem vai dormir ao seu lado serei eu.


Niterói, algum dia entre 8 e 16 de setembro.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Eu Sou a Pessoa Mais Insensível do Mundo

E mereço uns tapas de vez em quando, pena que ninguém leve isso a sério ou a cabo.


Eu não sei se são os homens, ou se são esses pseudo-homens-gays com quem me relaciono, mas me estão cansando a beleza. A tal beleza que eles mesmo dizem que eu tenho. Eu não vou discutir isso.

Olha,


E quando eu digo ‘olha’, quero que olhe mesmo, não precisa ser no fundo dos olhos, mas pelo menos vira pra mim e pra minha expressão, que talvez nem seja compreendida.


eu realmente sinto muito. Tento me fazer de adulta e acabo falando merda; eu sou uma criancinha. Não me desculpa não, que a culpa é toda minha. Mas entende que eu sinto muito, de verdade. E que essa insensibilidade passa, é só eu conseguir me fazer ouvir. O problema é que isso depende de você. Aí sim, me desculpe, a culpa não é toda minha, é difícil demais interagir quando a outra pessoa não demonstra compreensão.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

redbird
Flying across the sky
a bluebird
Learning how to fly

Não dá pra ver Júpiter, a nuvem de poluição tá tapando tudo, até as casas mais distantes. Tem um tempo que percebo isso, uns dias, uma semana, mais ou menos.
Será que vai ser assim até eu não conseguir mais ver meus vizinhos? A névoa rosa vai cobrir tudo?
Outro dia disse que não sabia o que seria de mim sem a fumaça.
Num outro, encontrei o cara que tinha o lugar onde ficam os cílios inferiores muito vermelhos e fiquei me perguntando se era alguma doença. Perguntei a uma amiga que vai ser médica o que podia ser. Ela disse mil coisas e no fim, que podia não ser nada, genética, talvez. E essa amiga vai tanto ser médica, que já o é, um pouco, mas o melhor é que ouviu, teve paciência e entendeu quando disse que achei bonito o rapaz. Belos olhos de molduras vermelhas.
Eu não entendo mais o dormir.
Confundi bluebird com ripper.
E blé. Muito blé.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

lastfm

Sou rosa vermelha
Ai, meu bem querer
Beija-flor, sou tua rosa
Hei de amar-te até morrer


O que você está ouvindo agora?

sábado, 11 de setembro de 2010

Volume Dois

E finalmente, eu chorei. Já não aguentava mais, também. Uma hora a gente tem que chorar, senão não dá, não aguenta.
Ontem disseram que eu sou bonita. Duas vezes. Duas pessoas diferentes e que nem se conhecem. E creio eu que, muito dificilmente concordariam com outras coisas na vida que não fosse isso.
Mas o ego nem coçou. Mentira, fez uma cosquinha da primeira vez, e me fiz de encabulada, por charme, pra não desapontar. Da segunda, nem surtiu mais efeito. Eu sorri o que acreditei ser um sorriso enigmático. Pff.
Acho que não me importa mais.
Eu consegui chorar hoje, ainda há pouco. Já disse isso, né. Então. Nem aliviou. Tá, tá, mentira. Ajudou um pouquinho, eu sempre acabo ficando mais leve depois de chorar. Ou tudo piora, só que acho que ainda não é o caso. Ainda.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Caça Às Raposas

Na moral, Antoine, enfia a raposa no cu.
E deixa a mim e metade da população ocidental em paz.

(Pequeno Príncipe de cu é rola)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Preciso Demais Desabafar

Eu não tenho nada a ver com isso tudo. Mas eu bem queria ter. Poxa vida. Agora eu tenho que ficar aqui falando sozinha pra esse fundo branco do blog sobre as frustrações que tão se fazendo de amigas esses dias todos. Esse feriado demorou tanto a passar. Se fosse saudade, eu ficaria feliz, ela é minha amiga, de velhos tempos, já. Só que não, não. Foda-se a Lai. Me senti meio Geni, sem muito motivo. Mentira, é por causa de 'taca pedra na Geni!'
Taca pedra logo, é mais rápido. Se tem coisa que eu já fiz por tanto tanto tempo foi cozinhar em fogo baixo. Mas agora não derreto mais.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

FEIRA DE MANGAIÓ

MAIS É QUE TEM UM SANFONEIRO NO CANTO DA RUA
FAZENDO FLOREIO PRA GENTE DANÇAR

,

chilena

era só o que me faltava. una chica. chiquita. chiquíssima.
ao piano.

(sabe que eu só escrevi esse porque não gosto de três, né? é meu toc. muito escroto, por sinal.)

o bairro da saúde

eu nunca entendi o bairro da saúde. nem o encantado.

em são são gonçalo tem um bairro que se chama meia-noite. um dia ainda pego o ônibus pra lá, juro. na verdade nem é um bairro, é uma rua muito grande.
e o morro da conceição, tem jardim suspenso, que nem aqui em casa, só que melhor, maior. tem até as estátuas.

um frio de mentirinha, eu não sei porque tô tão arrepiada. geralmente fico assim quando conto mentira. mas dessa vez é verdade, o frio que é de mentira. então tenho receio de ser mau presságio. receio, porque não quero ter medo. e o receio me parece algo menor, aquela pontinha que incomoda às vezes-sempre. ou não, nem isso. não existem sinônimos na língua brasileira, como disse o senhor na peça de ontem. linda, lindo.
de novo, calafrio. cala, frio, por favor. vai chover, mas só amanhã.

quero morar em bonsucesso. tenho essa loucura por lugares assim, bonsucessos. morro de tesão. até passou o calafrio agora, que falei nisso.
imagine trepar num lugar imenso, abandonado, poluído, caído aos pedaços, as tintas descascadas em todos os lugares, barulhos que vêm de fora, olhos que espiam pelas frestas. a plenos pulmões, a plenos pulmões. sujeira sujeira sujeira sujeira sujeira sujeira sujeira. eu sugiro

que você lembre onde colocou as roupas. fez uma trilha delas. das nossas.
eu aprendi essa palavra semana passada. então acho que nunca trepei na vida. eu só fazia foder.


mas então, eu acho saudável. essa poeira pueril, sabe. não, não sei.

mas é. é o bairro da saúde. é pra lá que eu vou. meu
amor.

de novo o ácido

hoje vai rolar um café. e insônia. e nicotina, droga.
forgetfull Lucy, her lips are so juicy. enquanto eu pensava nesse filme, justo nesse. sério. mas acho que não é pra mim. eu não sou esquecida.
sou. mas não nesse caso. eu nem sei que caso é esse.

e se um dia eu procurei ajuda por causa da falta de norte, quando encontrei, só consegui ficar é mais desnorteada ainda.

status:

sweeter than heaven
and harder than hell.

domingo, 5 de setembro de 2010

Porque Eu Amo Meus Amigos

_queria ir de novo ver sobrado 122

_será que eles fazem show em Paquetá? (risos)

_ia ser fueda. (pausa) aqui, e os veteranes??

_o que tem? nem são maneires, fisicamente... não os que eu conheci, né. é isso?

_dorgas. achei que ia ter uma galere sensual

_não. tem um MUITO sensual na minha turma, mas ele já tá de parzinho com a malu magalhães, da minha turma também.

_ah, porra. malu magalhães, hunf. ele é tipo camelo?

_não. ele é "careca", tem uma barba maneire e um alargador. usa tênis de cano alto. mas nada bizarro. o nome dele é joão. e eu queria casar com ele. (pausa) brinks.

sábado, 21 de agosto de 2010

Carta para Hades do mundo todo

Vinha escrito assim:

"O Hades está em festa. Acabou de fazer uma semana e eu já me preocupo com o que será do Deus dos Infernos em mais algumas semanas. Ele vai procurar o amor verdadeiro do outro lado da Cantareira, será a Perséfone(que prefere ser chamada Prosérpina)quem encontrará, será a Perséfone(que prefere ser chamada Prosérpina)o seu amor verdadeiro mesmo? Será que o Hades, que vem afirmando tão firmemente não estar à procura de amor,contradiz-se internamente? Eros terá trabalho, ou será, como disse o rumor, que Eros já ocupou-se: Hades ama sim e Perséfone(que prefere ser chamada Prosérpina)também, mas é inverno e portanto não se encontram? Que se passa? Será que a culpa é das loucas estações dos trópicos ou deve ser só a Timidez?
As comemorações continuam, sabe lá Zeus até quando. Até que o Hades diga "chega", quando ficar cansado. Nesse momento ele vai embora para Gaia, raptar sua amada, romper o pacto com Deméter, mas que seja, valerá a pena. E depois será apenas amor. Só quando a festa acabar.

P.S.: A Festa agora é o estado de espírito. Não é mais a morte. Ou é a Festa dos Mortos.
P.S.2: "Um texto tão subjetivo que vem do divino."


Bem que podia ter sido escrito por mim. E talvez não tenha sido escrito nem para mim (O que é bem provável). Mas dane-se, adotei como carta à minha pessoa e a todos os Hades do mundo. Encontrei personalidades engraçadas pela faculdade. Que escrevem cartas anônimas e abandonam na prateleira mais alta, por exemplo.
E quero uma festa dos mortos.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Descaramento

Eu me pergunto quantas admiradoras tuas eu ainda vou ter que matar pra chegar até você. Se puder, manda a lista pro meu email novo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Libertinagem e Estrela da Manhã

Digitar 'baixar a cinza das horas' é deprimente. Vou morrer, mas antes tenho que baixar a arma. A internet é tão parnasiana, às vezes.

domingo, 8 de agosto de 2010

Aconteceu na Cidade de Aqui e Agora

E todos sabiam um pouco de árabe. A língua era presente; sempre havia um cartão de aniversário com dizeres , ou um e outro email curto enviado nela. Não, acho que árabe não está na moda. A verdade é que ela foi inserida na sociedade por um velho sábio, que hoje em dia é motivo de risada das crianças, que nunca o entendem, sempre perguntam aos pais e avós ‘o que é um velho sábio, mesmo?’. Os pais nem sempre sabem o que responder, geralmente dizem que é uma espécie de mito ou entidade e que deve ser respeitado, mas sem muita convicção. Os avós, ah, os avós. Se enchem de nostalgia pra explicar, como foi, na sua época, receber tantas cartas em árabe. E notas fiscais e dedicatórias em livros e cartões e postais. Tudo em árabe.
Esse tal velho sábio estava decidido a introduzir o árabe em Aqui e Agora de qualquer maneira. Era dono da maior livraria da cidade, então fez como pôde para falar e escrever em árabe aos seus clientes; o que os fez procurar em livros por traduções. Em poucos anos, boa parte da população sabia a língua; alguns até falavam muito bem. E ela se fez presente.
Porém, as crianças não tinham muita noção de árabe, seus avós nunca sabiam se deviam ou não passá-lo adiante e seus pais, bem, seus pais eram crianças quando tudo isso aconteceu, ou seja, alguns falam em árabe com os filhos, outros não. E isso diminuiu a quantidade de sábios de árabe em Aqui e Agora. O velho sábio nunca foi o mesmo. Nem nunca será. A menos que.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Não Repita

Toda vez que alguém se pergunta 'por que as baratas existem?', surgem treze novas baratas.

"Agosto

é um bom mês."_ Dizia ele, ainda em setembro, esperando o próximo chegar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O Primeiro Pronome Sempre Será 'Nós'

O título não me deixa mentir; aqui viria uma crônica de assunto profundo, que me tomava certo tempo para escolher as palavras certas e colocá-las no lugar mais adequado. Procurava voltar aos escritos mais bem-organizados, menos egoístas (ainda assim seriam desabafos, porém maquiados, travestidos em coisa séria ou espirituosa).
Vejam bem, eu tentei. E no topo de coisas bizarras que atrapalham a escrita, vai o meu ocorrido: meu pedaço de pele colorida coçava como nunca. Ou melhor, coçava como sarna, sem brincadeira. E compreendam e levem como conselho de vida que coçar a tatuagem é como vontade de fazer xixi quando se está bebendo: depois da primeira vez que se faz, as próximas vezes se farão necessárias em intervalos cada vez mais curtos e com intensidade cada vez maior.
Após tanta cultura inútil, acreditem-me, o primeiro pronome sempre será 'nós'. Seja qual for a ocasião.

domingo, 25 de julho de 2010

As Crônicas de Nárnia

Ingredientes:

25 g de gelatina incolor sem sabor
250 ml de água
400 g de açúcar
1/4 colher (chá) de ácido cítrico
1/4 colher (chá) de essência de baunilha
2 colheres (chá) de água de rosas
Corante alimentício rosa (opcional)
50 g de açúcar de confeiteiro
25 g de maisena

Modo de Preparo:

Numa panela, dissolva a gelatina na água e espere hidratar. Junte
o açúcar e o ácido cítrico e leve ao fogo baixo, mexendo sempre
até dissolver completamente. Aumente o fogo e deixe ferver por 20
minutos sem mexer. Tire do fogo e deixe descansar por 10 minutos.
Junte a essência de baunilha, a água de rosas e o corante, se for
usar. Despeje numa forma molhada e deixe descoberta, em local
fresco, por 24 horas. Desenforme o manjar turco e corte em
quadrados. Misture a maisena e o açúcar de confeiteiro e
peneire-os sobre um papel absorvente. Passe os quadrados do doce
nessa mistura, de todos os lados.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Trago A Pessoa Amda em Três HTML

Passo-a-passo:

1- escolha o indivíduo que mais lhe agradar, de preferência na lista amiga da festa em que fores na próxima sexta-feira;
2-acesse o perfil do site de relacionamentos do tal e deixe a seguinte mensagem: 'pâncreas';
3- aguarde a resposta e se essa for amigável, insista no assunto. Do contrário, tente novamente, com outrem;
4- na sexta-feira, aborde a pessoa com um simpático 'tá cuidando bem do meu pâncreas?'. E, se ela for novamente amigável, continue puxando asunto; deixe-a falar sobre a própria vida e as próprias glândulas;
5- ao final da festa, faça uma despedida calorosa;
6- aguarde alguns dias e convide-a para mais uma confraternização de sexta-feira;





e aí, colega, se vocês não casarem, eu não sei de mais nada nesse mundo.

P.S.: Funcionou comigo.
P.P.S.: Não, ainda não casei, mas é quase isso.
P.P.P.S.: Mentira. A parte do casamento.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Bobagem

Dentro do vazio cabe o infinito.
Dentro do infinito cabe o vazio.

Não acho bonitinho, nem simpático, nem combina comigo.
Só achei real. Decidi tomar um banho do real que é imaginário.
E tudo aquilo que é material (e, portanto, inclui eu, você e todos os mundos) cabe no imaterial. Mas onde ele está guardado já não sei.
Uma mão do espírito alienista para tratar dos corações alienados. Eis aqui a obra-não-prima, a persona non grata.
Recipiente não existe
onde a consciência caiba.

domingo, 4 de julho de 2010

~.~

Eu gosto desse fundo azul. Por isso voltei.

Eutanásia Não É o Nome

A tela do computador só mostrava aquelas formas esquisitas, entrando e saindo em si mesmas, como se fosse um órgão funcionando bem que de repente entra em pane. Os velhos fones chatos nem pesam mais nos ouvidos, adaptam-se antes de tocá-los. O pedaço de cabelo rebelde teima em cair no olho só pra, em certo momento, deixar de teimar e fazer com que indicador faça cócegas na testa até que o cacho desça de novo e recomece a brincadeira de enrolá-lo até tornar-se negro-azul.
Sabia que essa música ia ser boa. Olha só esse nome. Jamais desapontaria, é demasiado inspirador. E ninguém lhe fala o que fazer, nem lhe conta sobre desventuras, ou relata algum amor além de qualquer expectativa. Instrumental entorpece, desta vez, de forma benvinda.
A sensação de que as sinapses tornam-se mais lentas voltou. O cheiro do café_que não fica pronto nunca_ajuda. Não botou água de propósito, vai quebrar a cafeteira. Pro diabo com o manter-se-acordado pra sempre até a próxima quinta. Nunca vai dar conta de tudo. E agora, pra piorar, falam. Ali ao lado, num idioma que só não é completamente novo, porque é o que sempre falou em vida.
A explosão da canção que segue provoca sérios sangramentos do globo ocular esquerdo. Vai explodir. Não se pode desligar os aparelhos. Aperte o pause para ver o que acontece e a mãe chega para dar bronca, não mexe assim no brinquedo do coleguinha.
Do umbigo notam-se movimentos inesperados. A anestesia vai fazer efeito. A múmia levanta, não é paciente agora que a canção é de amor. Chega, vai, dá um fim nisso. Sua música não vai salvar ninguém.

Special thanks to The Slackers.

domingo, 13 de junho de 2010

Amanhã Já Não Sei

Começo em primeira pessoa pelo que espero ser_ e não será_ a última vez. Pra dizer que premedito minha morte. Quero uma despedida, um funeral. Neste testamento simples deixo minhas últimas sílabas ao Anônimo, apesar de minha dor no coração, por saber que devo tanto a outros. Mas que se dane, são minhas, deixo pra quem eu quiser.
É isso, são pra você, minhas últimas palavras. Calou-se tanto que me fez calar também.





Imbecil.

domingo, 6 de junho de 2010

Antes de tudo havia o Caos

_Não escuta, você não vai entender!

Pegou o telefone, entrou no quarto, bateu a porta, que ficou sacudindo, como se dela fosse surgir um pedido desculpas; era muita falta de educação.

Meia hora depois:

_Tô saindo, não me liga! Não sei a que horas volto, não sei se volto. Eu te amo.

Uma fração de segundo depois:

_Que que vai ter pra janta?

Uma hesitação depois:

_Não, deixa, não me espera.

O tempo de um cigarro ser degustado depois:

_Olha, eu vou chegar tarde, você pode dormir. Sério mesmo.

A morte de uma formiga que passeava pela parede da sala depois:

_Vem cá, aquela lâmpada que queimou, você trocou?

Uma espiadela casa adentro depois:

_Quer que eu troque? Acho que dá tempo.

Um clique no interruptor depois:

_Ah, olha a luz aí. Deixa, então.

Uma pausa desconfortável depois. Uma coçada na testa. Uma menção de pegar o maço dos cigarros. Uma desistência; pegou o isqueiro, ficou brincando de acender e apagar.

_Bem que podia ter um sofá aqui.

Um arrependimento depois:

_Não, eu prefiro assim. Só falei isso porque queria me tacar num sofá agora. Mas deixa, eu gosto mesmo disso aqui; essa sala, como tá.

Uma pausa vazia depois:

_Sabe, faz tanto tem...Não, mentira, esquece.

Um momento de espectativa muda depois:

_Tá bem. Eu vou agora.

A maior espera do mundo contida em meio segundo depois:

_É, é isso. Tchau.

Exatos quarenta e dois minutos de puro arrependimento, autodepreciação mental, fumaça engolida, sensação de que falta algo e olhos ressecados depois:

_Voltei.

A porta_ a mesma que antes batera, frisando que queria estar só_ agora lhe sorria com escárnio. Bateu.

_Eu precisava disso, entende? Só um tempinho. (umalgoqualquermuitocurtodepois:) Já passou.

Abria-se a vedação, sem que a maçaneta precisasse girar e o cômodo lhe sorria; não estava mais só.

Um passo de pessoa adulta e não muito grande depois:

_Às vezes eu sou tão eu que me divido em dois.

A sensação dos corpos depois:

{}

Abraços são silenciosos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Oi, Kafka

Já conhecia aquele barulho. Era o vento soprando janela adentro, fazendo a persiana balançar. Foram tantas noites sem dormir por causa de tal som, acreditando serem asas de inseto gigante, que agora, desvendado o mistério, mal o percebia.
“Vem chuva por aí”, pensou. O barulho agora aumentara, o vento era forte. Foi então que notou que na varanda não corria uma brisa sequer. Achou encantador o poder da natureza: de um lado da casa (no quarto) esperava-se grande tempestade; do outro (a varanda), o céu aberto.
E assim continuou o que estava fazendo. Até que a luz se foi. Era cedo ainda, mas mesmo assim amaldiçoou o vento, por fazer estragos na rede elétrica. Seguiu-se a isso o barulho de passos. Na verdade não eram passos, eram como contas caindo no assoalho e fazendo ‘tec tec tec’, porém com intervalos de tempo que a fizeram remeter a passadas lentas.


(Há tanto tempo no meu desktop que cansei, tive preguiça de terminar. Estragando a surpresa de uma suposta continuação: ia aparecer um inseto gigante que conversaria com o personagem principal, falaria umas bobagens sobre medos e sujeira e o jantar do dia anterior. Metamorfose pra vocês.)

domingo, 23 de maio de 2010

Para o Caio

* "Para o Caio" soou diferente do que eu queria; parece que estou mandando alguém pará-lo e, definitivamente, não é isso o que eu quero. Eu tô é dedicando esse texto a ele (visto que me perdi em meio a duas histórias e agora não tô escrevendo mais livro nenhum, tão lá guardados, esperando não-sei-o-quê).


As coisas velhas vão ser sempre novidade enquanto você conhecer gente nova. Eu ia me aconselhar desta frase, mas li seu texto no intervalo entre pensar e escrever e acreditei que também te serviria bem. Se não servir, tome como uma frasezinha sem valor para a coleção.

A verdade é que não consegui comentar lá no teu blog. Estranho. Espero que você não tenha me bloqueado ou algo assim.

E o texto está absurdamente bom, até compensou a falta do título comumente genial que você põe, eu perdoei.

Te daria férias, se pudesse, te daria uma Lomo AGORA se tivesse dinheiro.
E tenho mais coisas pra falar, inclusive que não vou mais sair, porque tô com febre, mas isso é besteira, não vem ao caso.

Mande abraços para Tom, Harry, Dumby, Gaga e quem mais quiser. Abraços sempre vêm a calhar.

P.S.: Nós vamos te arrastar pro Circo. Com nariz de Palhaço.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Porra, eu!

Para quem anda com o pé: asas.
Clichezão, mas ninguém escuta. Topa aí, quero ver.

Te vi andando na rua e senti um calafrio; quando éramos nós dois não havia mãos dadas. Tinha o eterno sorrisinho de canto de boca, o assovio constante, mas mãos dadas, nunca. E por um tempo me fiz triste, quis fugir, esconder. Só que era tudo fingimento, eu estou bem. Acho que você também. Que bom que não me viu. Suspirei aliviada, não ia soltar a mão do meu namorado.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Luta Sem Clube (06/09)

Pernas pequenas demais para fugir correndo, sangue demais para limpar com as costas da mão e o lábio inchado como nunca antes. O nariz coçava, fazendo uma pequena gota começar a brotar no canto do olho. Sacudiu a cabeça e não sentiu-se tonta; animou-se para levantar. Foi aos poucos, bem devagar, apoiando-se no muro de tijolos gordurosos; sentiu nojo, mas então deu-se conta de que ela própria estava nojenta desde a ponta dos cabelos até o âmago, seja lá onde isso fica. Achou engraçado lembrar-se de sua essência logo nesse momento e riu-se por dentro sem emitir nenhum som, mas iniciou uma dor aguda não sabia onde_com certeza não era na costela, disso tinha certeza, e sentiu-se sortuda, pois quem mais briga desse jeito e sai com as costelas ilesas?. Tal constatação a animou; levantou-se de uma vez, sentindo certa vertigem, nada preocupante. A mão direita latejou fortemente, ela tentou mover, sem êxito: estava bom demais pra ser verdade e, pensando bem, era até injusto sair sem machucado sério. Uma mãoquebrada era menos do que o merecido.
De pé, agora, ensaiou um passo em direção à rua. Caiu, óbvio. Aqueles joelhos não eram mais seus, pertenciam àquela esquina úmida e fedorenta a partir de então, e ali ficariam, até que o vulto que permanecia imóvel no chão resolvesse manifestar-se e sair de sua vida. Enquanto isso, ela ia ter que procurar um lugar onde aceitassem menininhas sem pernas, sem mãos, sem âmago. Levantou de novo e dessa vez deixou o muro para trás, servindo apenas de cenário para o flagrante da briga entre duas pessoas na noite passada. Com direito a sangue e corpos estirados, inocentes até, cadáveres.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Agora que comecei, aí vai o final (decepcionante)

Piritba, 28 de abril de 2010.

Minha queridíssima Neide.

Meu beijo com todo carinho.
Pela graça de Deus, ainda vou vivendo; já tivemos várias perdas, depois de nosso longo contacto. Desculpe-me.
Quero saber tuas notícias, eu estava naquele endereço, quando morava com minha irmã.
Construir um ranchinho e agora estou neste endereço.
Muita saudade; a solidão é que está querendo me devorar, mas Deus não irá deixar.
Recomenda-me a todos teus queridos e aceite lembrança de minha família aqui.
Irmãos e sobrinhos.
O Senhor te abençoe e te guarde e faça resplandecer o Seu rosto sobre ti e te dê a paz.
Amém?
Beijos- Antenor.



(A carta foi escrita numa folha pautada com bordas decoradas em rosa e pontos vermelhos que lembram um babado. No canto inferior esquerdo tem umas flores que parecem rosas rosas com o interior avermelhado, mas estão abertas demais para serem rosas. Ocupa uma página, a parte de trás está em branco. Queria que tivesse um P.S.)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Texto de não-ficção

Traumatizei depois que vi uma careta de nojo quando disse que estava escrevendo um livro de ficção. Acho que não quero escrevê-lo mais. De qualquer forma, não tinha um final decente mesmo. Mas fiquei triste, não escondo. Ainda tentei uma réplica: 'mas tudo é ficção', que não serviu, a careta ficou pior.
E isso tudo depois de, naquela mesma semana, ouvir 'por que é que alguém iria querer escrever algo que não fosse ficção?'. Nesse dia eu meio que previ meu futuro próximo e disse, descaradamente, que já quis escrever algo que não fosse ficção, um ensaio talvez.
Agora já não sei de mais nada. Esse é só o prólogo.

[Aqui começa a história de verdade:]

O endereço tem só um erro: minha rua é Engenheiro Coelho Cintra e na carta veio escrito Engenheiro Coelho Cintrer. Mas todo o resto está certo, inclusive uma referência, algo a mais e completamente dispensável, mas que o remetente achou melhor botar para que não houvessem dúvidas: ela só podia vir pra cá.
Vem da Bahia, de Piritiba, de um tal Antenor José de Oliveira, que tem uma letra engraçada, de adulto, grande e corrida, e um tanto quadrada.
Na frente do envelope:

"Para uma sublime pessoa:
Neide Lopes Nogueira
[E aqui entra o meu endereço, como eu já expliquei]"


Olha, é claro que eu vou abrir e ler, sabe-se lá quando vão me mandar uma carta para uma sublime pessoa de novo. Depois escrevo pro Antenor José pedindo desculpas. Espero errar o endereço. E que a Neide não se zangue. Nem me processe.

Testando: Não Achei

Onde estou eu? Quem foi que disse 'conhece a ti mesmo' ? Porque eu achava que tinha sido Sócrates, mas alguém falou que foi Jesus Cristo e isso fez toda a diferença na hora; eu tava empolgada com a ideia, mas levei um balde de água fria na barriga (porque é o lugar que acho que deve se manter quentinho), uma vez que realmente acredito em Jesus; em Deus não, nem acredito que ele esteja morto, quer dizer, talvez esteja, só que no sentido figurado, creio, mas o que vem ao ponto é que não quero que eles_Sócrates e Cristo_ mudem de lugar na minha cabeça.
Criou-se uma confusão louca: se antes queria conhecer a mim mesma, na pura essência, agora quero saber quem falou, como se a frase em si não importasse, mas só a personagem histórica, porque é isso, né, o conceito que se dane, a arte é pela arte, só existe metalinguística e parnasianismo, o resto todo é mentira, não acreditem.
Até todo esse texto, vejam só, foi só um teste, pra eu ver como ficam meus escritos sem pausas, pois pra mim as vírgulas parecem fracas em certos aspectos, preciso dos pontoevígulas e dos pontos finais, não gosto de exclamações, mas acredito que algumas vezes estas se façam necessárias, as interrogações só não as coloco seguidas de outro ponto porque foge à lei_eu devia então fugir à lei, só por auto-satisfação (hifenada, para ser pausada, quando necessito, escrevo tudojunto).
Na verdade, um desejo que tenho há tempos é ser reconhecida como escritora e nada mais; dane-se o professora, pedagoga, amiga, irmã, filha, mãe, mulher, homem, planta, vaca, babaca, lá o que for, já que sei que não sou personagem dos outros, serei de mim mesma. O que é muito triste, mas não é o pior; terrível mesmo seria ter a vontade e vocação pra personagem e não conseguir nem eu mesma escrever-me. Acho que encontrei eu mesma, já me conheço desde sempre.
(E acabei sucumbindo à pausa nos momentos finais, ela não me pertence. Ela me é.)

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O que fazer

nos domingos, de forma paliativa, é claro.
Lá vai:

_Vovós. São a melhor opção. Porque elas te amam mesmo se teu cabelo ficou mal pintado e parece um arbusto personalizado e ainda te fazem comidinhas gordas.

_M.A.D.A., Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos, Vigilantes do Peso, Clube da Luta, enfim, esses grupos de gente saudável.

_Futebol e Cerveja. Cerveja e Futebol. Nada mais óbvio. Talvez só a Cerveja ou só o Futebol.

_Sempre há a opção do 'filminho', principalmente quando está frio. Fujam dessa. É a pior que há. Só a utilizem no caso de haver Namoro de Domingo.

_Festa de aniversário. Porque ninguém daria uma festa que não fosse de aniversário num domingo. E até isso já é meio esdrúxulo.

_Não vou recomendar Churrasco porque chega de matança de Vacas. Sugiro degustação de Vegetais. Ou viagem à Índia, onde a Vaca é sagrada.

_Análise profunda dos próprios pés. Claro, pode ser de qualquer outra parte do corpo. Mas é que os pés ficam tão longe, porém não tanto quanto a nuca ou a coluna vertebral ou ainda o cocoruto, mas esses são difíceis demais de observar.

# Advertência: desistam de poesia, amor, arte, mimimi, drama, bancos e restaurantes nesse dia. Segunda-Feira taí pra isso.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Concentrava toda sua raiva nos compulsivos cliques com a mão direita. Eram diariamente milhares de agressões distribuídas quase que silenciosamente. Naquele quarto nada acontecia, só podia-se perceber que ao fechar dos olhos, o ar pesada demais, o silêncio exalava um gosto amargo, próprio da recusa irritante à garganta do que se precisa como condição para a sobrevivência.
Desejava não ter o que escrever, visto que cada vez mais as folhas de sua agenda inutilizada faziam papel de curativo. Sangrava intermitente, apenas por estar viva e fértil. Mas a alguns olhos, seu ferimento se apresentava como doença.
Queria ver no sangue, que é morte, vida. Queria simplesmente optar pela sua condição. Talvez desejasse viver morta, sem demais preocupações que recaem somente àqueles que por natureza, só podem gozar do abate gradativo e sôfrego.
Mas era tarde, a essa altura, já só sentia. E tanto... 


(acho que vem a calhar)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Amebíase

_O anônimo falou comigo.
_
_Hoje. Na rua.
_
_Foi só um oi. Mas é estranho.
_
_Porque eu tenho a leve impressão de ele ter virado a cara das últimas vezes que nos vimos. Não o seu anônimo, o meu anônimo. O anônimo sob intervenção.
_
_O seu anônimo a gente nem conhece. Esquece ele.
_
_Sei lá. Não o entendo.
_
_Até mais simples que amebas.
_
_Anônimos são chatos.
_Mas prefiro eles às amebas.
_Ah tá.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

sábado, 3 de abril de 2010

quinta-feira, 1 de abril de 2010

:

Rio, últimos minutos de primeiro de abril.

Querido Tom,

hoje acordei meio Caio.

Minha meta é ir pra Galápagos. Vou ler "A Evolução das Espécies".

E tem umas coisas fazendo sentido ultimamente. Não sei se gosto disso. Viver eternamente na epifania pode ser meio tenebroso, meio sorumbático. Tipo tomar um chá de cogumelo e nunca sair da viagem. Pelo menos é o que parece. Eu não sei.

E quis pular da janela. Não pra morrer. Quer dizer, só um pouquinho. Sabe, tenho curiosidade pelo coma, falei. Mas as janelas aqui são baixas, eu ia acabar quebrando a perna. E nada de morte.

E não sou eu. Queria ser, mas não consigo. É aquela teoria de confundir o eu-que-quero-ser com o eu-que-sou. Mas nem acredito nisso, acho.

Ah bcxcie,mhuBKDNfhMGV OGIOLMPFKpkcufhif..

Quem conseguir decodificar ganha um doce.

quarta-feira, 31 de março de 2010

(:

O mais legal de fazer tudo errado é procurar a solução. Ou então perder a crença de que aquilo era errado e tomá-lo como certo. Ou então nada, deixa pra lá.
Eu quero que falem menos por uns dois minutos. E ouçam o sol nascer.
Eu vou ser péssima professora; vão haver dias em que ignorarei toda e qualquer consideração pelos alunos e vou fazer assim:
_Gente, faz da página doze até a quarenta e nove. Valendo cinquenta mil pontos. E ai de quem der um pio! Me acordem às onze.
Agora já posso usar marcadores de blog do tipo 'férias, patinetes, outono'. Ótimas opções, mas tive que esperar o outono chegar. Agora sim. Uma beleza.
Bom dia, Flores do Dia.

terça-feira, 30 de março de 2010

Covarde

Quando deu-se conta já era tarde demais. Estava completamente afundada, uma pedra amarrada à cintura, puxando para baixo com toda a força. Tentou inúmeras vezes desatar os nós, mas o marinheiro que os deu era bom nisso.
Tudo começava a girar. Havia pouca luz, que ia esvaindo-se cada vez mais. Os tímpanos explodiam. Falta pouco para o afogamento.
Nunca se sentira tão familiar; era como se houvesse esperado por isso durante toda a sua vida. E mesmo assim as coisas não eram fáceis ou menos dolorosas. Pelo contrário, sentia-se burra por não ter evitado o óbvio.
Num instante que sabia ser o último, fez sua contribuição para que o oceano se mantivesse: derramou uma lágrima (ou vocês pensam que não é assim que se formam e mantêm os mares?).
Ela e a água e o sal já não se diferem. Afoga agora. Por sua própria escolha, que fique bem claro. O marinheiro só a atou porque lhe devia algo. E esse algo foi pedido da forma mais convincente possível. Era um amor que fazia sofrer; que só sobrevivia na saudade. E assim ela não aguentava mais viver.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A culpa não é minha

Acho que jogaram Veritasserum por aqui.
Andam me obrigando a postar TUDO, não consigo salvar rascunhos.
Parece coisa do Anônimo, me impedindo de ser anônima.
Originalidade a qualquer custo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Briga - parte I

Entraram os dois, ao mesmo tempo, no ringue. Apostas feitas; a maioria foi a favor do grandão. Ele sim tinha porte de vencedor,impunha medo até em que somente assistia. É bem verdade que o oponente também o temia, e muito mais agora, que o via cara-a-cara. E digo ainda que o tal oponente_ou magrinho, como queiram_ faz o tipo que desiste na última hora; se caga de medo e vai embora pro colo da mamaezinha; coisa que o faz o mais corajoso dos homens. Ou vão dizer que não é coragem arriscar toda a sua honra em prol da vidaw? Bem, fica a critério pessoal.
Mas agora, infortuitamente, o magrelo resolve dar uma de outra pessoa que não ele e enfrenta o favorito da platéia(com acento, dane-se. Um acento, aliás, poderia ajudá-lo, mas ele prefere não lançar mão do que poderia ser chamado um truque sujo. Essa não é uma briga comum, rapazes. E moças.)

E começa a luta. O Grande Anônimo já chega com vantagem. Foi ele que começou. Porém, o que importa é quem termina, pensa o outro

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobre o sonho

(antes de mais nada; preciso parar de sonhar de novo.)

Sempre achei que muitos dos meus sonhos eram sépia, agora já não sei, visto que esse era amarelo. Amarelão, como se o sol estivesse nascendo em cima da gente o tempo inteiro, mas não fazia calor (que bom).

E lá estávamos eu e a Pamela, que é uma amiga minha que a galera aqui nem conhece. Só o que posso dizer é que ela é uma pessoa amarela.
Estávamos sentadas à uma mesa redonda e pequena no estilo mesa de cartomante, em uma espécie de quartinho no estilo quartinho de cartomante e ela me dizia:
_Você não gosta de Zoé, mas ela é que vai te amar como ninguém.
E eu:
_Mas eu não gosto.
_Pois então você nunca vai parir a pessoa que vai te amar como ninguém. Você nunca vai parir a Zoé que vai te amar como ninguém!
E começou a gritar isso repetidas vezes, como se quisesse que mais alguém ouvisse; nós sabíamos que tinha mais alguém ali, atrás da cortina.

E então eu comecei a ficar muito triste até que a Pamela sumiu (e nessa parte não tenho muita certeza do que ela fez pra sumir, então prefiro não dar pitaco. bem verdade é que não tenho certeza de nada, mas ah.) e apareceu a cara do Daniel na cortina (atravessando a cortina, como se tivesse um buraco) como se tivesse acabado de acordar e estava meio surdo pra mim, não ouvia parte das coisas que eu falava, e, consequentemente, eu também não ouvia.

Daí veio a imagem: eu, no canto da minha cabeça, abaixada, como se estivesse possuída ou algo assim.

E acordei sugando todo o ar em volta.

Fim.

P.S.: em algum momento eu disse que não gostava de Zoé porque era amarela demais e a Pamela me dizia que eu era laranja e roxa e tinha que dar mais atenção ao meu lado amarelo. Porém, ela admitia que era difícil, mas que grande parte da culpa era minha.

P.P.S.: em algum outro momento eu dizia pro Daniel que gostava de amarelo e que tudo era loucura das outras pessoas todas.

P.P.P.S.: e esse sonho foi grande, eu é que não lembro do resto. Ele nem começa aí, pra falar a verdade. E me deu arrepios.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sobre os sonhos

Sonhei e me lembro. Quer dizer, agora não tão bem, mas alguma coisa ficou gravada.
O que quer dizer o sonho com gente que você não vê há tempos (coisa de anos)?
Perdoe se o questionamento parece bobo ou comum, mas é que nunca lembro dos meus sonhos (talvez os leitores mais antigos lembrem disso).
E agora tenho uma imagem meio embaçada do meu primeiro namorado(!) fazendo um show com a banda dele. Só que, basicamente, ele cantava num karaokê e o baterista tocava um tecladinho de criança enquanto os outros integrantes da banda ficavam só olhando meio que hipnoticamente e estava tudo misturado; bandapúblico.
Eu não sei o que quer dizer, mas me deu saudades. A primeira pessoa que pega na sua mão e se apresenta pro seu pai (que por sinal tem uma cara de mau impagável) como seu namorado não vai ser esquecida facilmente. Claro, as outras que fizeram isso também não serão. Mas a primeira, bem, foi a que fez primeiro, né.

Enfim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu me arrependo do que (não) escrevo

A verdade é que eu queria conseguir comentar todos os textos que leio (e alguns que não leio também). Não, não; alguns não necessitam, nem pedem ou aceitam comentários. O meu desejo real é deixar uma marca; algo do tipo 'lido' em todos eles. Talvez seja só frescura minha. Mas quando vejo '0 comentários' sinto um certo incômodo.
Essa sensação só aumentou depois do blogueiro maldito que, ao invés de 'comentários' ou qualquer outra palavra que tendesse a fazer uma graça, colocou 'amores'. Como posso deixar de dar amor quando este é requisitado no maior grau do desespero?
Ver '0 amores' é doloroso. Até '1 amores' machuca. Precisa-se de no mínimo dois, quiçá muitos.
É isso, amor. Simplesmente.


P.S.: Eu ando querendo escrever ficção por aqui, mas ao que parece, ando com vergonhinhas.

domingo, 14 de março de 2010

Pro Anônimo:

vais-te arrepender, como todos nós.

contra escrotisse iminente

Comecei o tratamento hoje.
Os remédios já fazem efeito.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Menção e queda

O senhor que vinha na direção contrária levantou a mão esquerda e fez menção de falar algo.
Quando vi, ele estava de olhos arregalados e eu, no chão.
Me esborrachei.
No meio da rua.
O senhor estendeu-me a mão, e "Eu tentei te avisar, mas aí foi tarde."
_Brigada.
_Esse pedaço escorrega mesmo, ainda mais pra quem tá de chinelo.
_Ahan. Brigada.
_Machucou?
_Não, não. Brigada.

E ainda disse 'brigada' mais uma vez.
Ele quase me salvou.

Mas o pior foi chegar na casa de minha avó e ouvir um "caiu de madura, foi?".

Avesso

Eu queria que me pudessem virar do avesso. E iam ver tudo o que venho escrevendo ultimamente.

sábado, 6 de março de 2010

Eu quero que todos estejam vivos

Vivos e acordados.
E logo depois dormindo.
Porque contraí a doença do sono; durmo a qualquer hora em qualquer lugar todas as posições são confortáveis.
E me perdi das vísgulas isso é um parênteses.
Digo, vírgulas. Olha ela aí.

E acho que tô tendo uma certa depressão também, que dá só em certo momento.
E tenho saudade daquele que me chama Margarida como se fosse Jardim.
Não aguento mais meus posts aqui.
Cada dia mais pessoais.
Cada dia menos eu.
Porque eu quero ser impessoal.

segunda-feira, 1 de março de 2010

um milhão de batimentos cardíacos agora.

Nesse momento. Mais de um milhão, até.
E um grito após desligar o telefone:
EU QUERO ENCHER A MINHA VIDA!

E é isso.
O que um 'vou passar aí mais tarde', um convite, um 'vai revelar essas fotos agora!' e um telefonema não fazem com umas férias sem nada pra fazer?

Corri.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Merthiolate não arde.

Acho que quando eu acordar de novo, vou morrer. O choque vai ser grande demais e eu não aguento.
Nem acredito.
Que já estou aqui, pedindo pra morrer de amor mais uma vez.

u.u

Vocês podem me matar antes disso.


(Bonito mesmo é passarem merthiolate no seu machucadinho, porque você esqueceu e dormiu. Faz cosquinha.)

Adendo: Não ter nada pra fazer simplesmente me enche de coisas.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Brinquedos geniais.

Engraçado ouvir coisas de dentro de um balanço. Ainda mais se não se cabe nele. Ou se cabe, mas fica apertado.
E hoje é isso o que eu quero; um balanço.
Uma ótima continuação pra quem teve uma cama elástica ontem.
Genial.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ácido.

Vejam bem, eu parei.
Mas agora retorno. Como se fosse uma cama elástica. Pulo, mudo, volto ao normal. Mas não volto. Esse é o grande óbvio, mas eu quero um pouquinho de óbvio, por enquanto.
Só pra acostumar com a ideia mais comum de todas. Tudo bem, já acostumei.
E não falo coisa com coisa, parece. E nem é mais por causa do ácido. O sintético. Agora é o natural, sem conservantes.
Acho que sou mais bicho grilo do que me lembrava.
É, é sim, eu sou.
Ou pelo menos era e agora bateu uma nostalgia tão forte que me convenceu a voltar.

Volto, então, mais uma vez, só que pra outra coisa, outro sentimento. E continuo a escrever sobre coisas malucas que eu chamaria de nada, mas se isso é nada, não vou chamá-lo assim.
E continuo com minha pausas enormes desnecessárias.
É porque sou lenta?
É porque quero que mastiguem devagar.
É só mais uma literatura aleatória, mas que me deu vontade. Juro que ando escrevendo coisas mais interessantes fora daqui, mas é isso que me dá vontade de postar.

Imagine um final apresentável aqui.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

pontoevírgula

Começa com um 'nonada' e termina com uma 'travessia'.
Esse livro é lindo.

Acho que acabou, agora; quero parar.

Acho melhor

eu parar de falar das pessoas explicitamente assim.
Apesar de eu querer mesmo é dissertar sobre todo mundo.
Mas ia doer.
Em mim.
E talvez nos outros.

Cheguei ao absorva.

Acho que as mães não gostam de Daniel.
Mas só acho.

Enfim, achei que tinha levado um chupão no braço, mas só tem uma queimadura de cigarro.
Redondinha.

Cara, e queria muito me lembrar o que que eu falei que alguém disse "não, cara, isso é lsd".
-q

Deve ter sido o Rafael.
As melhores frases são dele.
E ele tá sempre feliz.


E meio que mudando de assunto, às vezes é difícil demonstrar.
Só isso.
Que merda de msn!

Isso aqui tá um vômito só.

Vai dar um trabalho pra limpar.

Mas então, coisas fofas agora.
A gravação da Mariana é linda.
A mais linda de todas.
Foi de quando eu chorei e ri ao mesmo tempo e muito sério.
E ela disse tudo.
Aliás, ela é ótima observadora.
Bem, ela é super bem sucedida.

Mas às vezes acho que a Érika barra ela.
Porque a Érika fala pouco.
Quer dizer, agora ela fala mais.
E quando fala é incrível.

Dissertei sobre as amigas, risos.

Fico pensando se meus pais vissem que é só tudo isso que eu tô escrevendo freneticamente vidrada no computador.
É.

Isso aqui tá uma merda.

O mais tenso de tudo foi olhar pro meu esmalte verde e achar ridículo.
E não conseguir tirar, porque as pontas dos meus dedos tavam dormentes.
Engraçado, eu sempre fico dormente.
Será que vou morrer por isso?

E a única coisa que eu realmente queria ganhar de aniversário

é um clima de montanha.
Cara, segui meu blog, que babaca.

Não é.

_É MEU ANIVERSÁRIO!

Quero morrer só de lembrar.

Alguns querem me matar também.

Não.

=O

Como eu não vi isso antes?
É a falta de prática.


E olha, doutor.
Os pensamentos entraram em colapso, então deu interferência.
E foi bem na hora certa.
Mas quem se importa com a hora?
Nós não.
Não.
Foi.
Foi sim.
Vai.
Eu vou.
Serei.
Seremos(?).
Eu não sei.




Nem quero saber.

As cores.

Eu precisava de um texto só pra elas.
Não sei nem

Elas são lindas.
Não digo isso porque tô dissertante e quando fico mal acho tudo e todos lindos.
E amo todo mundo também.

Mas não.
As cores são reais.
Lindas.

Curta.

Não deviam dar essas coisas pra quem escreve, sabe?
Mas vou apagar tudo mesmo.
Bler.

Caralho, "Bler" me soou tão nostálgico que até lembrei tudo o que chorei.
Me disseram que minha linha do amor é curta e eu chorei.
Chorei por muito tempo.
Porque eu acredito nas pessoas. Sempre.
E olha que eu nem qual é a linha do amor na minha mão.
Bem, no meu caso, deve ser a mais curta de todas.


(Fui digitar "curta" no título e saiu "cura". Sugestivo?
Não.)

Droga, queria que ligassem pra mim.
Nunca tome isso sozinho: você pilha, os outros dormem.

Hmm

"Hmm" é muito ruim. Pelo menos me parece, neste momento.
Será que hoje passo o número de posts do 'absorva'?
Ok, essa é uma consideração idiota, mas enfim.
E preciso parar com o 'ok'. Nem sei porque.
Mas me deu um acesso de raiva agora.

#FAIL[2]

Caraca, e devo desculpas formais à Caroli.
Alias, devo desculpas a muita gente.
Ain, me desculpem.

Mentira, não quero ser isenta de culpa.
Nunca.
Mas preciso dizer que sinto muito.
Por todas as merdas.

Pelo resto não.
Quer dizer, pelo resto, me sinto muito bem.
(:
Falei.


(e não durmo não durmo não durmo não durmo.)

(e não consigo comer.)

A Quinta Tequila É Brinks Agora.

É só o que eu digo.
E lembrei: pontuo títulos.
Pontuo sim.

Vou apagar.

Acho que tá tudo aí, agora. Digo, todos os meus rascunhos que nunca tinha postado.
Postei.
E vou apagar.
Gente, acho que sou obcecada por ser homem mesmo.
E sou.
E quero.
Droga, esqueci a outra coisa que ia falar.
Merda, esqueci do título.
O que que as pessoas fazem normalmente nesse horário? Porque me parece que nada. E talvez isso nem seja ruim. Sei lá. Olha, minha vontade é dissertar eternamente, mas é tanto que nem consigo. Tudo vai passando. Todos os pensamentos, as ideias. É muito bom.
Ao mesmo tempo não quero dizer nada. Eu sou o nada.

A postagem anterior me parece tão estranha.

#FAIL

POR QUE, MEU DEUS?
O.O

E não dormi até agora.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

A quinta tequila é um exagero

É muito bom ter pra onde voltar, tomar um bom banho, comer um bolo com cobertura de chocolate, beber um mate, dormir, acordar, fuder, fumar um cigarro, tomar um café, dormir de novo, acordar de novo, assistir Padrinhos Mágicos de madrugada.
E nem requer muitas pessoas. Quer dizer, requer, mas você não interage com tantas.
O amor é tão bonito.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Fui mesmo.

Fui-me embora pra Pasárgarda
Meu visto foi aceito
Deixei uma lasanha na geladeira
Pra cê comer quando chegar
Dê um beijo nas crianças
E diga que daqui a um ano
Mando passagens pra cês virem para cá.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Construção

A verdade é que dancei. Mesmo. E logo eu, que sou tão ruim pra danças. Tava sóbria e dancei. Feliz. Sorrindo. Rindo mesmo. Como se realmente não houvesse ninguém olhando. Como se fôssemos só eu e meu par, que também não era lá um grande dançarino. Mas na hora éramos qualquer pessoa. Quem quiséssemos ser.

Éramos operários em construção. Éramos duas pessoas bobas que acham que qualquer música pode ser dançada num 'dois pra lá, dois pra cá'. E pode. Eu pude. Nós conseguimos.

E depois continuamos rindo. Que beleza de noite.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Patinetes, Férias e Verão.

Não dá pra falar de outono com esse calor.
Pena.

Patinetes, Férias e Outono.

Porque as coincidências andam me atropelando por aí.

E ouçam 'Hey Jude'. O video com o John mascando chiclete. E o Ringo olhando pro teto. E o George sendo George. E achem o Paul lindo, porque ele é lindo. (Sou fã menininha lalala mimimi)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Paixões

E olha, aconteceu de novo. Poisé, sempre acontece quando eu menos espero.
Minha teoria é de que não se pode escolher por quem se apaixonar. Mas que se pode escolher por quem não se apaixonar.
Mas é claro, sempre há espécies de 'listas' subconscientes para os dois grupos. Só que aquelas pessoas que não entram em nenhuma lista ficam vagando ao redor, livres, sem rótulo. Até que um belo dia acordo e me vejo apaixonada por alguma delas.
E percebo que é sempre alguém que aumenta a minha eterna vontade: ser homem. Como se cada vez que me apaixonasse por um fosse porque quero um pedaço dele. Um pedaço real. Um pedaço de seu ser. Fundido ao meu. E a cada dia vou me tornando mais mulher.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Intempérie

E lá estava ela, no meio da multidão que não se calava nunca. Pra que era aquela passeata mesmo? Ah, sim, algo relacionado a direitos matrimoniais; casamentos. E o que fazia ali era o mistério. Nunca quis abraçar causa alguma; nunca quis defender qualquer direito daqueles que se unem perante a Lei ou a Deus ou seja lá o que for. A verdade é que casara por amor, simplesmente. E por isso tinha de agüentar senhoras que se diziam oprimidas pela geração de agora e que não aceitavam essa indiferença quanto ao ato de casar-se formalmente e constituir uma família.

No momento em que constatava que não gostava nada daquilo e que não deveria estar naquela praça, cercada de velhinhas com uma sede por atenção que nunca havia visto igual, sentiu-se levantada por algumas mãos e mal pôde acreditar. De repente as velhas começavam a gritar algo sobre ela; palavras difíceis de decifrar, em parte porque ela não o desejava. Mas sabia muito bem que eram frases sobre ser um exemplo para uma juventude descrita como fria e calculista. Ela sim era uma mulher digna; casara-se por amor.

Não via o marido há tempos, nem sabia o que ele andava fazendo ou mesmo onde estava. E queria muito saber se ele aprovaria seu posicionamento_que agora era sobre muitas mãos idosas_ou se o abominaria. Concluiu que ele riria, como sempre, e não lhe perguntaria nada; como e porque fora parar ali, se algum dia abraçara a causa; não, nada. Simplesmente a tiraria dali. E poderiam tomar um sorvete juntos e então esquecer tudo aquilo que aconteceu. Rindo.

Foi então que notou que aquela era a hora; projetou-se pra trás, para ganhar impulso e saltou, caindo meio de mau-jeito alguns centímetros à frente daquelas que antes a estavam segurando, fazendo todas que estavam em volta calarem-se por um instante e logo serem levadas a uma histeria coletiva nunca vista antes. Mas aquela era sua chance, precisava ser rápida. E correu como se fugisse da própria morte. E até achava que nem da dita cuja correria assim.

Chegou à outra praça, a umas duas quadras da anterior. E suspirou fundo quando viu que no lugar também havia a concentração de uma passeata. Dessa vez leu faixas que diziam ‘não à união matrimonial’, a passeata era pró divórcio e não casamento. Era um grupo bem mais jovem que o anterior, porém não havia ninguém tão novo quanto ela. E já estava quase abraçando a causa, tomando gosto por ela, visto a angústia que a outra lhe causara. Foi então que, ali, gritando com uma paixão enorme por liberdade, encontrou seu marido.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

De onde vem a calma

Estava por aqui, catando anotações e lendo e lembrando tanto que nem cabe e pensando e criando e escrevendo.
De repente, me vem um nome à cabeça. Um nome que vem batendo constantemente à porta de minha memória, que até então se recusava a abrir. Uma música. Ou melhor, uma canção.
A calma veio e com ela lembrei o que realmente significou.
Então despertei, como quem levanta-se de súbito após ter um pesadelo; dei um pulo na cadeira, projetando a cabeça pra frente, inspirando todo o ar a minha volta, porque é assim que gritam os que dormem.
E eu dormi.

Desperto agora e descubro que seguia à risca o que a música previa: me fazia de morta.
Abro a porta para viver de novo e digo sim o que é que foi: me pregaram uma peça.
Confundi as músicas.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Do Nordeste Para o Sul

Se eu tivesse que listar meus defeitos, acho que o primeiro seria "ser uma péssima vascaína".
Bem, pelo menos tenho a desculpa de ser pé-frio, rs.
Desculpa, Constancita, esse ano eu vou tentar melhorar isso (de novo).









P.S.: Só pra eu lembrar de depois postar algo sobre aqui, Natal. Merece, merece.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Água, porque

esse calor me confunde os poros.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Enfia uma faca no meu pescoço porque quero lembrar que cor o sangue tem. E também vai ser bom sentir o seu não-correr.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Surreal

Sentou-se num colo aparentemente alheio tentando fazer tal ato parecer normal. As pessoas a sua volta, apesar de serem todos artistas em formação,no espaço de uma sala de artes, estranharam. Todos deveriam estar fazendo um trabalho de pintura, que não tinha nada a ver_pelo menos até então_ com interpretação cênica.



Sob tais olhares inquisidores, sentiu a vergonha subir-lhe pelas orelhas, fazendo-as esquentar. E só então percebeu que o colo que passara tanto tempo escolhendo, lhe parecia menor e mais ossudo do que o esperado. Temeu, por sua coluna. E também pelo que poderia causar a escolha do colo errado. Porém, o tal colo remexeu-se e revelou-se mais confortável e até mesmo acolhedor. Sorriram-se, ainda meio constrangidos.



Sussurrou ao ouvido daquele que acolhia:

_Preciso de castanholas.



E, ao arregalar dos olhos, elas surgiram, vermelhas, leves, maleáveis em suas mãos. Então começaram uma dança complexa em que não se largavam nunca ao som dasqueles pequenos instrumentos. Ninguém reparou, mas, passado um momento, todos rodopiavam e pulavam e esboçavam um 'lalala' ou 'papapa'. E toda a sala era uma única coisa, unida pelo som das castanholas.



Nos momentos seguintes à dança, aqueles estudantes todos pintaram como nunca e a música não parou até que a última pincelada fosse dada. Ao chegar à sua mesa, a pessoa que, uma vez quase reprimida por sua ideia estranha de castanholar no colo alheio, encontrou o belo par sobre a folha onde deveria ter pintado algo. E tirou nota máxima no trabalho.



O colo, agora foge, para a terra daqueles que bailam eternos, como suporte de outros dançarinos, que tocam castanholas.



P.S.: Incrível como me esqueci completamente desse conto. E olha que tinha uma ideia quase que totalmente formada sobre o que escrever nele.

Merilu

_Minha filha vai chamar Merilu.


_Hm.


_Merilu que nem a avó. Acho lindo dar o nome dos nossos pais pros filhos. Ainda mais um nome desses. Forte, né?


_Uhum.


_Mé-rí-lú. Ai, ai, podia ficar repetindo o dia todo. Ah, querida, já ia esquecendo, o banheiro é logo ali, tá precisando retocar o batom. Aliás, meu bem, esse tom não é o melhor pra você, né? Da próxima vez, escolha um mais rosado, esse puxa demais pro laranja.


_Hm. É que eu gosto tanto do laranja...


_Ai, que gracinha. Mas amorzinho, não dá pra usar tudo o que a gente gosta, né? E o seu tom de pele pede um batom rosado. E um blush mais suave. A moda às vezes é chata, né, florzinha? Ser bonita dói, não é fácil, não. Só a minha Merilu é que vai ser linda fácilmente. Só o nome já promete. E com uma mãe que nem eu, não vai ter pra ninguém, minha Merizinha vai ser a menina mais linda de todas. Agora vai lá retocar esse batonzinho, meu anjo, que as outras visitas tão chegando. Vem todo mundo pro chá de bebê da Merilu.


_Ok.





E corri pro banheiro e só saí de lá no dia seguinte, arrastada por alguém que nem vi, meio dormindo, meio acordada. Desde então nunca mais comprei um batom rosa sequer, fiz um estoque de laranjas. E blush, só se for bem forte. Mas mais do que isso tudo, passei a me orgulhar do meu nome comum e escolhido ao acaso. Porque certas histórias dóem. Mais do que qualquer batom.

Lágrima (roubando a ideia do Daniel)

Usando óculos escuros freneticamente, porque me vem faltando colírio há tempos. Juro que não é por causa da moda, eu nunca fui muito a favor desses óculos, que não deixam olhar ninguém nos olhos. Ou melhor, que não me deixam olhar os olhos de ninguém. Nem espero resposta, as pessoas só se comunicam por palavras.
Acho que podíamos todos ter qualquer coisa enfiada no globo ocular que não faria diferença. Se eu pudesse, teria bolinhos. Recém assados, orgânicos e quentinhos. É isso, quero um olhar de bolinho. E no dia que encontrasse alguém que amasse de verdade, lhe daria de comer; lhe daria meus olhos, literalmente, para dar sustância ao relacionamento.
E agora chove_novidade ¬¬_ e não posso mais sair de óculos. Não tenho colírio; vou exibir minha vista vermelha por aí. Espero que não espante ninguém, não é conjutivite. Não é o uso de narcóticos, até porque isso nunca afeta meus olhos. Mentira, claro que afeta, mas não os deixa vermelhos, é o que quero dizer. Não são lágrimas, também, uma vez que esse céu me rouba toda a água e chora por mim. Fico livre, portanto, mas me restam os olhos vermelhos, que me dão esse ar de velha cansada.
De que me adianta ter toda uma juventude sem lágrimas se fico com suas consequências? Me enruga a testa de qualquer forma. E faz parecer que a umidade continua em mim, que mora dentro destes dois buracos vazios que um dia quis encher de bolo. Desisto, senhores, eu me rendo.
Voltei a chorar.

(aproveitem a cobertura de chocolate que vai rolar rosto abaixo)