onde tem muita água
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Festa de Família
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
SENHORAS E SENHORES
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Todos os Blogs
Em um dia perfeito para os peixes-banana, arrependi-me do que escrevo, vi que o paraíso era uma biblioteca de versos patéticos. As boas razões é que conjugavam-me. Percebi que se dependesse do LSD com torrada, ASA NISI MASA, tudo estaria perdido. Veio a mim a gratuidade da misantropia poética: o poeta apontava a lua e o imbecil olhava o dedo.
Atrás de casa passavam-se as cenas da vida, sua improbabilidade infinita, seus pequenos despropósitos. Desatei a fazer escritelas a partir das cores do simples, devaneando por essa coisa aí que eu chamo de...lacônico contraditório.
Graptós, a escrita em língua antiga. Absorvida e então guardada num baú de entulho em tons de vermelho. Assim vejo nós dois, outra vez, impelidos pela borrasca, subjugados pelo complexo alpha, somos cegos às avessas na casa de Yami.
Eu sou a boneca inflável, tomada pelo recorrente medo do receio em si e da pós modernidade, sou filha do Batman, rodopiando.
sábado, 23 de julho de 2011
AQUÉM
domingo, 3 de julho de 2011
machina
Eu descobri a verdadeira revolução industrial. A autoafirmação da espécie humana posta em prática: só é possível fazê-la funcionar movendo o polegar opositor e o indicador na mesma direção. Eis o famoso ‘movimento de pinça’. É, ainda com esta ferramenta, possível exibir fisicamente o status de civilização (Algo aqui que identifique o frio e a vergonha/culpa cristã), uma vez que a mesma serve de mecanismo que possibilita a confecção de cobertura para as partes que não devem ser exibidas, pois estas aludem ao ponto comum entre o homem e os outros animais: o órgão reprodutor.
A verdade: encontrei máquinas de costura de mão, por dez reais, no centro de Niterói. Estou usando pra fazer calcinhas.
cabra-cega
Digitava olhando apenas para as teclas, com extrema atenção. Como se elas contivessem algo de muito especial e importante, que merecesse ser olhado a fundo. Nas vezes em que tinha dirigir os olhos à tela do computador, o fazia de má vontade, era a distração desconcentrante, como se já não bastasse a interrupção da luz que ela emanava.
Queria mesmo era entender a função das letras, conseguir tocá-las fisicamente e só assim chegar ao plano da explicação _ esse plano que ninguém explica, o plano em que funciona a linguagem pela palavra e não tem essa enrolação dessas gentes que não, simplesmente não. Não nada; não se interagem, apenas falam, porque, ok, a linguagem é anterior, mas quando o que vem depois de fato vem, impõe-se com mais força que ela, que nunca foi realmente compreendida pela maioria de seus usuários. O que vem depois da linguagem torna-se maior que ela. Mas o uso que se faz disso é ínfimo, comparado ao seu tamanho e às possibilidades que permite. Queria mesmo era ser capaz de utilizar as letras de maneira que se expandam, atinjam o tamanho do que lhes vêm depois. É uma pena, devia haver compadecimento universal, quiçá sobrenatural; os deuses deveriam ajudar-nos. Porém assim desceriam ao nosso nível. Os deuses são é uns escrotos. Que não querem rebaixar-se ao uso da palavra.
domingo, 12 de junho de 2011
Fora de Si
A janela crescia em velocidade constante. Cada vez mais o lado de fora se aproximava assustador, as folhagens e ramos do jardim (que era verdadeiro pedaço sobrevivente de mata atlântica) entravam sem pedir permissão, invadiam pelas paredes, estouravam-lhe os globos oculares. Choro de criança. Agora a janela decresce. Volta ao lugar de sempre e se afasta para mais distante, até ficar pequenininha, cabendo em duas mãoszinhas. As plantas se retiram.
A menina abre os olhos, timidamente, ainda vermelhos de agressão e lágrimas; chora outra vez: não quer que o jardim vá embora. Mas esse pensamento dura um segundo; tudo acontece de novo, volta a janela, arregaçando-se. Estoura um vidro, a cortina se rasga em alguns pontos. É como se a imagem do que se passa refletisse o inteiror da garotinha que a tudo assiste por entre os cílios molhados. Se pudesse, cobriria as vistas com os dedos, mas a curiosidade é maior. Agora entram as flores do bouganville, que antes ficavam tão distantes, ela precisava correr um bocado para alcançá-las.
Começa a aprender, vê que, mal a natureza avança pela casa, já está prestes a retroceder. Portanto, não deveria, mas chora mais ainda: o movimento é infindo, lhe põe tonta. O vai-e-vem que acompanha não é dos mais normais. Parte dele acontece todo dia, ela morre aos tantinhos.
Parte outra finaliza agora. A cabeça enfim pende para o lado, as plantas desistem de voltar aos seus lugares; a última visão é de flores fúcsias tomando o ambiente e fazendo-se confortáveis, acompanhadas de verdes espinhos que lhe cortariam a face, não fosse alguém entrar no cômodo e interromper o movimento. Então vem o grito. Da compreensão de que a criança enforcara-se ao tentar enxergar além da grade da janela.