ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Festa de Família

Ceia de Natal, aquele momento pós, em que todos abrem um botão da calça e agradecem a Deus pelos cientistas da ilha da Sadia, que vivem para engordar Chesters o ano todo. Você e seu pai discutindo sobre EUA e Inglaterra. Na verdade é uma disputa, pra ver quem é melhor. Você aparentemente vai ganhando, com o homem pisando na Lua e, mesmo com Beatles e Rolling Stones, nada supera a Apple. Até que seu irmão, voltando do coma por overdose alimentar, arrota:

_Mas os ingleses inventaram o futebol.

GAME OVER

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SENHORAS E SENHORES

SENHORAS E SENHORES,

VENHAM,

VENHAM VER O

EXTRAORDINÁRIO,

ESPETACULAR,

ESPLÊNDIDO,

ESTUPEENDOOO,

ESTARRECEDOOORRR

SUUUUPER INSEEETOOOOOOOO!




Subindo a minha perna.
Ontem e hoje.
É o mundo se acabando. De verdade.




segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Todos os Blogs

Em um dia perfeito para os peixes-banana, arrependi-me do que escrevo, vi que o paraíso era uma biblioteca de versos patéticos. As boas razões é que conjugavam-me. Percebi que se dependesse do LSD com torrada, ASA NISI MASA, tudo estaria perdido. Veio a mim a gratuidade da misantropia poética: o poeta apontava a lua e o imbecil olhava o dedo.

Atrás de casa passavam-se as cenas da vida, sua improbabilidade infinita, seus pequenos despropósitos. Desatei a fazer escritelas a partir das cores do simples, devaneando por essa coisa aí que eu chamo de...lacônico contraditório.

Graptós, a escrita em língua antiga. Absorvida e então guardada num baú de entulho em tons de vermelho. Assim vejo nós dois, outra vez, impelidos pela borrasca, subjugados pelo complexo alpha, somos cegos às avessas na casa de Yami.

Eu sou a boneca inflável, tomada pelo recorrente medo do receio em si e da pós modernidade, sou filha do Batman, rodopiando.

sábado, 23 de julho de 2011

AQUÉM

Fuma charutos, mas não desses cheios de frescura. Fuma cubanos e ponto. Pode fumar cachimbo, também, nas tardes de domingo. Usa ervas que proporcionam prazer quase imediato: a satisfação única da contemplação da fumaça produzindo formas misteriosas. E é assim até o pôr-do-sol, quando entra pro café, pão e qualquer besteira que acalme a ânsia por comer e não contenha derivados do leite.
Às segundas encontra um tal outro senhor, muito distinto, conhecido por sua notável capa cor de açafrão e discutem filosofias políticas por períodos que assimilam-se a eras para aqueles que do assunto não entendem. Ambos fumam em demasia, e as ervas lhes provêm resistência para quedarem-se no mesmo lugar. Em seguida, enfrentam-se em ágeis partidas de xadrex_e aqui, para aqueles que admiram-se com a dita agilidade de tal ocupação, se esclarece que joga-se com tempo cronometrado por gigantescas ampulhetas de material desconhecido; partidas de dez ou cinco minutos, mal havendo tempo para que os oponentes acertem seus pince-néz ou estalem os dedos, hábitos tão comuns aos mesmos.
Em outros dias, trabalha das vinte-e-duas às três-e-trinta em meio a prensas e tintas_o que o faz trazer as mãos sempre escurecidas_no maior jornal da região. É um trabalho um tanto quanto solitário, e, por isso, deveras ideal. Dorme por todo o restante da manhã. O tipógrafo que o substitui finge odiar-lhe o estilo de vida e por ter que trabalhar em dias de descanso, enquanto o outro folga, mas a verdade é que tem-lhe inveja que dói e queria ser seu igual.
Duas tardes por semana, em dias nunca seguidos, nunca repetidos, observa o ecossistema em seu redor; utiliza-se dos aparelhos e aparatos de nomes mais peculiares; conserta o monóculo e estala os dedos incontavelmente; estala também o pescoço, em movimentos característicos. É o responsável pela manutenção do mapeamento de sua cidade e arredores. Tem por diversão desordenar pequenas vias de pouco tráfego e reclamar por motivo de alguma placa exibindo um nome supostamente errado, quando, na verdade, está a renomear uma praça com a graça de sua mãe ou de algum cientista social mais estimado e desconhecido dos cidadãos à sua volta.
Folga às sextas, que é quando vai de encontro à Nêga, sumindo das imediações com uma garrafa debaixo do braço. Volta à casa ao fim da tarde do sábado, os ânimos melhores impossível.
E nada mais importa, porque neste exato momento, ele, Deus, está dormindo até a hora da boréstia de domingo.

domingo, 3 de julho de 2011

machina

Eu descobri a verdadeira revolução industrial. A autoafirmação da espécie humana posta em prática: só é possível fazê-la funcionar movendo o polegar opositor e o indicador na mesma direção. Eis o famoso ‘movimento de pinça’. É, ainda com esta ferramenta, possível exibir fisicamente o status de civilização (Algo aqui que identifique o frio e a vergonha/culpa cristã), uma vez que a mesma serve de mecanismo que possibilita a confecção de cobertura para as partes que não devem ser exibidas, pois estas aludem ao ponto comum entre o homem e os outros animais: o órgão reprodutor.

A verdade: encontrei máquinas de costura de mão, por dez reais, no centro de Niterói. Estou usando pra fazer calcinhas.

cabra-cega

Digitava olhando apenas para as teclas, com extrema atenção. Como se elas contivessem algo de muito especial e importante, que merecesse ser olhado a fundo. Nas vezes em que tinha dirigir os olhos à tela do computador, o fazia de má vontade, era a distração desconcentrante, como se já não bastasse a interrupção da luz que ela emanava.

Queria mesmo era entender a função das letras, conseguir tocá-las fisicamente e só assim chegar ao plano da explicação _ esse plano que ninguém explica, o plano em que funciona a linguagem pela palavra e não tem essa enrolação dessas gentes que não, simplesmente não. Não nada; não se interagem, apenas falam, porque, ok, a linguagem é anterior, mas quando o que vem depois de fato vem, impõe-se com mais força que ela, que nunca foi realmente compreendida pela maioria de seus usuários. O que vem depois da linguagem torna-se maior que ela. Mas o uso que se faz disso é ínfimo, comparado ao seu tamanho e às possibilidades que permite. Queria mesmo era ser capaz de utilizar as letras de maneira que se expandam, atinjam o tamanho do que lhes vêm depois. É uma pena, devia haver compadecimento universal, quiçá sobrenatural; os deuses deveriam ajudar-nos. Porém assim desceriam ao nosso nível. Os deuses são é uns escrotos. Que não querem rebaixar-se ao uso da palavra.

domingo, 12 de junho de 2011

Fora de Si

A janela crescia em velocidade constante. Cada vez mais o lado de fora se aproximava assustador, as folhagens e ramos do jardim (que era verdadeiro pedaço sobrevivente de mata atlântica) entravam sem pedir permissão, invadiam pelas paredes, estouravam-lhe os globos oculares. Choro de criança. Agora a janela decresce. Volta ao lugar de sempre e se afasta para mais distante, até ficar pequenininha, cabendo em duas mãoszinhas. As plantas se retiram.

A menina abre os olhos, timidamente, ainda vermelhos de agressão e lágrimas; chora outra vez: não quer que o jardim vá embora. Mas esse pensamento dura um segundo; tudo acontece de novo, volta a janela, arregaçando-se. Estoura um vidro, a cortina se rasga em alguns pontos. É como se a imagem do que se passa refletisse o inteiror da garotinha que a tudo assiste por entre os cílios molhados. Se pudesse, cobriria as vistas com os dedos, mas a curiosidade é maior. Agora entram as flores do bouganville, que antes ficavam tão distantes, ela precisava correr um bocado para alcançá-las.

Começa a aprender, vê que, mal a natureza avança pela casa, já está prestes a retroceder. Portanto, não deveria, mas chora mais ainda: o movimento é infindo, lhe põe tonta. O vai-e-vem que acompanha não é dos mais normais. Parte dele acontece todo dia, ela morre aos tantinhos.

Parte outra finaliza agora. A cabeça enfim pende para o lado, as plantas desistem de voltar aos seus lugares; a última visão é de flores fúcsias tomando o ambiente e fazendo-se confortáveis, acompanhadas de verdes espinhos que lhe cortariam a face, não fosse alguém entrar no cômodo e interromper o movimento. Então vem o grito. Da compreensão de que a criança enforcara-se ao tentar enxergar além da grade da janela.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Como Formei Meu Caráter

Primeiro, foi uma infância lânguida demais pra ser infância. E então anos e anos de Turma da Mônica, de que eu não consigo me livrar até os dias de hoje e acredito que nunca o farei, por uma questão do que chamo de opção, mas bem sei que é puríssimo apego infantil. desses que nunca se abandona, só quando se faz análise.
Eu nunca vou fazer análise.
Outro ponto formador de caráter: essa coisa da análise. Sempre fingi muito bem pra mim mesma que sou Freud e me analiso como ninguém. Mentira. Eu gosto mesmo é de falar. Falar merda, de preferência. E muita, por sinal. Vou parar de mentir, acho. E, consequentemente, parar de fazer a blasé. Falar pra caralho.
Tipo agora.