ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

nãohátítulo

Bateu na porta. Eu não abri. Mandei ir embora e não voltar nunca mais. Disse que eu não agüentaria viver sem ele pra sempre. Verdade, mas ele não precisa ficar sabendo.
Começou a falar do passado, dos bons momentos que passamos, dos bons momentos que poderíamos passar se eu não fosse tão cabeça-dura. Sentei-me encostada na porta, a cabeça pendendo para frente: caí em prantos; não agüentaria muito mais e abriria a porta, mas as personalidades fantasiosa e realista que me rodeiam a cabeça começaram a discutir e me deixaram tonta, deitei no chão. Ele não falava mais nada, deve ter ido embora, pensei.
Uma agitação nas cortinas e eis que lá estava ele: entrara pela janela! Gritei de susto e me espremi numa posição fetal como que para me defender. Como pude ser tão idiota em pensar que desistiria tão fácil? Logo ele, sempre tão insistente. Desse momento em diante comecei a me odiar mais do que o normal e esse sentimento só aumentaria com o passar do tempo.
Ajoelhou-se ao meu lado, levantou meu rosto e enxugou-me as lágrimas. Não resisti e abracei-o. Abracei-o como se fosse o último dia, o último instante de minha vida. "Por que você tem que ser assim?", ele pergunta. Oras, mas é mesmo um tolo por pensar que escolhi essa identidade, essa propensão à volubilidade, mas não vou discutir. Ficamos assim por um bom tempo, até que, sem que eu percebesse, saiu por onde entrou e deixou apenas o seu cheiro em meus cabelos e as estrelas no céu. As estrelas de que eu sentia tanta falta. As estrelas que ninguém nem nada mais poderia me dar. Apesar de tanta raiva, de tanta amargura compartilhada involuntariamente, fomos feitos um para o outro.



3 comentários:

Ferreira, Lai disse...

Viram??
Eu subestimo TODOS vocÊs!
Portanto tenho que dizer que estou falando o tempo todo do VERÃO nesse conto.
Beigosmiu.

Ferreira, Lai disse...

Dedico esse conto à tríade auto-crítica.

Com todo o meu carinho, amo vocês.
=]

pseudônimo1 disse...

fui superestimado, beijos.