ele pensa e não diz
onde tem muita água
tudo é feliz.

domingo, 4 de julho de 2010

Eutanásia Não É o Nome

A tela do computador só mostrava aquelas formas esquisitas, entrando e saindo em si mesmas, como se fosse um órgão funcionando bem que de repente entra em pane. Os velhos fones chatos nem pesam mais nos ouvidos, adaptam-se antes de tocá-los. O pedaço de cabelo rebelde teima em cair no olho só pra, em certo momento, deixar de teimar e fazer com que indicador faça cócegas na testa até que o cacho desça de novo e recomece a brincadeira de enrolá-lo até tornar-se negro-azul.
Sabia que essa música ia ser boa. Olha só esse nome. Jamais desapontaria, é demasiado inspirador. E ninguém lhe fala o que fazer, nem lhe conta sobre desventuras, ou relata algum amor além de qualquer expectativa. Instrumental entorpece, desta vez, de forma benvinda.
A sensação de que as sinapses tornam-se mais lentas voltou. O cheiro do café_que não fica pronto nunca_ajuda. Não botou água de propósito, vai quebrar a cafeteira. Pro diabo com o manter-se-acordado pra sempre até a próxima quinta. Nunca vai dar conta de tudo. E agora, pra piorar, falam. Ali ao lado, num idioma que só não é completamente novo, porque é o que sempre falou em vida.
A explosão da canção que segue provoca sérios sangramentos do globo ocular esquerdo. Vai explodir. Não se pode desligar os aparelhos. Aperte o pause para ver o que acontece e a mãe chega para dar bronca, não mexe assim no brinquedo do coleguinha.
Do umbigo notam-se movimentos inesperados. A anestesia vai fazer efeito. A múmia levanta, não é paciente agora que a canção é de amor. Chega, vai, dá um fim nisso. Sua música não vai salvar ninguém.

Special thanks to The Slackers.

Nenhum comentário: